Produzido entre Setembro de 1994 e Dezembro de 2004, o DB7 é, para a Aston Martin, sinónimo do modelo que constituiu a maior produção de sempre da marca britânica: foram construídos mais de 7.000 exemplares. Para Muda Hassanal Bolkiah, sultão e primeiro-ministro de Brunei desde 1968, poderia ser apenas mais uma unidade entre as milhares que, diz-se, fazem parte da sua colecção pessoal de automóveis. Algo em que terá investido, no conjunto, 4.000 milhões de dólares. Mas já lá vamos.

À venda “por um valor fixo de 57.500”, o carro pode ser visto no Standvirtual. É de 2001 e conjuga o discreto cinzento da pintura exterior com interiores ‘Oxblood’. Equipado com um seis cilindros em linha (baseado no bloco AJ6 da Jaguar), a gasolina, este Aston Martin é propulsionado por 340 cv e ostenta muitos detalhes de requinte. A nota enviada à imprensa revela que o cabrio “foi encomendado pela família real de Brunei e feito com uma combinação de cores e materiais muito exclusivos pedidos pela mesma”. Mas, ao que o Observador apurou, quem se encarregou pessoalmente do assunto foi o próprio sultão. Muda Hassanal Bolkiah disse exactamente o que queria, do equipamento aos revestimentos dos bancos. E a Aston Martin assim fez.

O automóvel acabou por ser enviado para o Mónaco, onde a família real de Brunei tinha residência. Sucede que ninguém foi levantar o carro construído de acordo com as exigências sultanescas. Nem o sultão, nem alguém da família ou um serviçal. Ninguém.

Resultado: o DB7 foi enviado para a Aston Martin em Portugal, que o vendeu ainda novo. Andou por aí a circular, até que passou para a propriedade da FS Automóveis (Rua Dona Filipa de Vilhena 26E – Lisboa), empresa especializada na comercialização de topos de gama e clássicos, que decidiu colocar um anúncio no portal líder na venda de viaturas em Portugal.

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Embora seja de Junho de 2001 (15 anos), o conta-quilómetros deste DB7 marca apenas 42.000 km. Com capota de accionamento eléctrico, o modelo exibe no interior estofos e volante em pele, além de acabamentos em madeira. Tem direcção assistida, faróis de nevoeiro, jantes de liga leve, ABS e ar condicionado. Retrovisores e bancos dianteiros com regulação eléctrica, e fecho com comando são também destacados no anúncio.

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A colecção do sultão

Para uns pode parecer uma extravagância, para outros um insulto. Susceptibilidades à parte, não deixa de ser impressionante que uma família, como a que tem como patriarca o sultão de Brunei, detenha uma colecção de milhares de carros. Desconhece-se o número exacto, que se situará algures entre 3.000 e 6.000, sendo seguro que muitos desses automóveis são peças únicas, tendo sido encomendados por vários milhões de euros à própria marca.

Muda Hassanal Bolkiah chegou a ser considerado um dos homens mais ricos do mundo – em 2008, segundo a Forbes, teria uma riqueza na ordem dos 20 mil milhões de dólares –, fruto do petróleo da pequena nação situada na costa norte da ilha de Bornéu, no sudeste asiático. O que o terá levado a “esquecer-se” de ir buscar o DB7 que ele próprio idealizou? Ao certo, em Portugal, ninguém sabe.

Além-fronteiras, o que se sabe, é que o sultão tem uma tal paixão por carros que os milhares que foi adquirindo ao longo dos anos perfazem uma colecção, que muitos descrevem como linhas infinitas de automóveis em hangares capazes de acomodar aviões utilizados em voos transatlânticos…

Segundo o Guinness World Records, Muda Hassanal Bolkiah, hoje com 70 anos, é dono da maior colecção de Rolls-Royce no mundo, com 500 exemplares de modelos da mítica marca britânica – incluindo o último Rolls-Royce Phantom VI. Até porque, durante a década de 1990, a família de Muda Hassanal Bolkiah foi responsável pela compra da metade da produção da Rolls-Royce.

A “garagem” do primeiro-ministro de Brunei é ainda abrilhantada pelo Fórmula 1 que venceu o campeonato mundial de 1980, por seis Dauers 962 e por Porsche (Carrera GT e 959). Ferrari são mais uns quantos: seis FX, duas versões totalmente operacionais do Ferrari Mythos e dois 456. Compõem igualmente a colecção pessoal de automóveis de Muda Hassanal Bolkiah cinco modelos McLaren F1, a par do único Mercedes-Benz CLK-GTR no mundo com volante à direita. Mas a lista está longe de acabar – ainda é preciso juntar dois Lamborghini (Diablo e Murciélago), um Jaguar XJR-15, um Bugatti EB110 e um Bentley Continental R.

Ao que se diz, estas máquinas estarão organizadas por cores e por marcas, havendo mesmo colecções inteiras do mesmo modelo, em o que diverge em cada unidade é a cor e o equipamento, com o sultão a garantir assim que teria exemplares de todas as cores e equipamentos disponíveis no catálogo.