O Presidente português considerou que as relações económicas com os Estados Unidos podem melhorar e alertou que a China e outros países estão a investir, referindo que “na política e na economia não há vazios”.

Durante um pequeno-almoço com a Câmara de Comércio Luso-Americana, em Nova Iorque, Marcelo Rebelo de Sousa disse que “os chineses perceberam que Portugal era uma boa porta de entrada na Europa” e “alguns países árabes também, como os Emirados”.

“Temos tido outros investimentos e pessoas vindas de outros lugares, por exemplo, da China. Os chineses entraram no nosso setor energético, estão a ficar mais fortes no setor financeiro”, salientou, acrescentando: “Mas ainda há possibilidades para o investimento americano ser estudado e negociado”.

Questionado sobre a base das Lajes, nos Açores, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que “Portugal tem uma posição geográfica muito importante e muito interessante para toda a gente”.

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“E, sempre pensei, muito, muito interessante para os Estados Unidos. Seja nos Açores ou no continente”, prosseguiu.

“Temos relações com a Europa, África, com todo o Atlântico, do Norte, do Centro e do Sul. Por isso, um investimento num aeroporto, um investimento de companhias aéreas é muito interessante para muitas, muitas economias”, defendeu.

O Presidente da República deu o exemplo do Porto de Sines: “É muito importante para o futuro. As pessoas perceberam que estrategicamente é um ponto-chave”.

Marcelo Rebelo de Sousa realçou que investidores “que não estavam interessados em Portugal há 20 ou 30 anos hoje estão” e questionou: “Então por que não há interesse e investimento americano nestas infraestruturas?”.

Segundo o Presidente, isso “pode ser muito importante em termos económicos e também políticos”, mas “depende de outros”.

Por outro lado, destacou o aumento do turismo, especialmente vindo de França, e disse esperar que o turismo vindo dos Estados Unidos também cresça.

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que Portugal tem sido “um amigo confiável e aliado dos Estados Unidos” e continuará a ser: “Foi assim no passado, é assim no presente, será assim no futuro. Militarmente, economicamente, socialmente, financeiramente”.

No plano económico, agradeceu o trabalho da Câmara de Comércio Luso-Americana, mas considerou que as relações bilaterais podem melhorar: “Temos de fazer mais do que temos feito. É um momento chave para as nossas relações económicas”.

“Na política e na economia não há vazios. Se se deixa um espaço vazio, alguém o preencherá. É sempre melhor ter aliados de há muito tempo a preencher espaço do que aliados recentes ou investidores recentes. Mas não podemos obrigar os investidores a investir, podemos convidá-los e criar boas oportunidades”, advertiu.

Interrogado sobre as eleições presidenciais nos Estados Unidos, às quais concorrem o republicano Donald Trump e a democrata Hillary Clinton, Marcelo Rebelo de Sousa nada quis dizer. “Já não sou um analista, sou um Presidente da República”, respondeu, provocando alguns risos na sala.

“O Presidente de Portugal não tem opinião sobre os candidatos a qualquer eleição no estrangeiro, ainda mais num país tão amigo e aliado. Portanto, o que quer que o povo americano decidir será uma boa decisão. Pedimos aos nossos amigos para não darem conselhos sobre a nossa vida política interna, e agimos da mesma forma”, justificou.