O primeiro debate televisivo entre a candidata presidencial democrata Hillary Clinton e o seu rival republicano Donald Trump acontece na segunda-feira em Nova Iorque e poderá ficar na memória dos americanos por vários motivos.
Durante 90 minutos, sem interrupções para publicidade, é esperado que os candidatos Hillary Clinton e Donald Trump, que têm trocado sérias e graves acusações (várias de teor pessoal) ao longo de vários meses, esgrimam argumentos e futuras políticas para as eleições presidenciais de 8 de novembro.
Economia, segurança e a condução do país são os temas centrais já anunciados pela Comissão de Debates Presidenciais dos Estados Unidos, o organismo independente que organiza os debates, escolhidos pelo moderador deste primeiro debate, o apresentador do canal NBC Lester Holt.
A pouco mais de um mês do escrutínio, as sondagens nacionais revelam uma luta renhida entre Clinton e Trump, que continuam a ser candidatos presidenciais “mal-amados” e suscitam mais rejeição do que adesão entre os eleitores americanos.
Segundo uma recente sondagem da CNN/ORC, 54 por cento dos americanos afirmam que têm uma opinião desfavorável de Donald Trump, enquanto 56 por cento admitem não gostar de Hillary Clinton. Uma outra sondagem (Washington Post/ABC News) confirmou a impopularidade dos dois candidatos, com 59% e 60% dos eleitores registados inquiridos a afirmarem que veem de forma desfavorável Clinton e Trump, respetivamente.
Cada um dos temas vai ser dividido em dois segmentos de 15 minutos e como podem acomodar um amplo conjunto de assuntos é esperado que os candidatos falem sobre economia, educação, política externa ou defesa.
Os temas “estão sujeitos a possíveis alterações” dependendo da atualidade dos dias anteriores ao debate, realizado na Universidade Hofstra em Long Island (Nova Iorque), referiu a Comissão.
O multibilionário Trump poderá insistir nas dúvidas sobre o estado de saúde da ex-secretária de Estado norte-americana — retirada das cerimónias do 11 de setembro por “desidratação” tendo sido divulgado posteriormente pela médica da candidata que Clinton estava a receber tratamento para uma pneumonia — ou reiterar a intenção de construir um muro na fronteira com o México e de impedir a entrada de migrantes no território norte-americano.
Já Clinton, e no rescaldo dos recentes ataques na cidade de Nova Iorque e nos estados do Minnesota e de New Jersey, poderá aproveitar para reiterar as suas propostas para a área da segurança interna que incidem no reforço da vigilância, com recurso aos serviços de informação e de novas tecnologias, e na rejeição de um discurso do medo.
Nos últimos dias, a candidata democrata também recebeu a notícia de um apoio de peso republicano. O patriarca da família Bush, o ex-Presidente George H. W. Bush (1989-1993), de 92 anos, irá votar em Clinton, segundo assegurou um elemento da reconhecida família Kennedy, em mais uma prova do desconforto dos notáveis do Partido Republicano em relação à candidatura de Trump.
Apesar do aparente afastamento do eleitorado, os ‘media’ norte-americanos esperam um recorde de audiências para o frente-a-frente de segunda-feira: mais de 100 milhões de telespetadores, ou seja, será o debate presidencial mais visto da História.
O facto de ser o primeiro debate presidencial com uma mulher como candidata à Casa Branca e de ter como um dos protagonistas uma figura controversa e imprevisível como Trump são aspetos que geram interesse.
“Os telespetadores sentem o potencial para o drama e para a imprevisibilidade”, afirmou Jeff McCall, professor de comunicação da DePauw University, no Indiana (centro-oeste dos Estados Unidos), citado pela imprensa norte-americana.
Caso atinja os 100 milhões de telespetadores, o debate terá uma audiência só comparável com o maior evento televisivo nos Estados Unidos, a final da liga do futebol americano SuperBowl, e irá ultrapassar os 67 milhões de telespetadores que acompanharam o primeiro debate em 2012 entre o democrata Barack Obama e o republicano Mitt Romney.
O frente-a-frente presidencial em 1980 entre o então Presidente democrata Jimmy Carter e o aspirante republicano Ronald Reagan foi, até à data, o mais visto com 80 milhões de telespetadores.
De fora deste debate ficam outros dois nomes na corrida à Casa Branca: o ex-governador republicano do Novo México e candidato do Partido Libertário (o terceiro maior partido dos EUA) Gary Johnson e a candidata presidencial do Partido Verde Jill Stein.
Segundo as normas estabelecidas pela Comissão de Debates Presidenciais dos Estados Unidos, estes candidatos não participam porque não conseguiram reunir o apoio necessário nas sondagens nacionais, ou seja, não obtiveram pelo menos 15% de apoio, valor calculado com base numa média de cinco sondagens nacionais.
De acordo com a comissão, o apoio a Johnson e a Stein situa-se nos 8,4% e nos 3,2 %, respetivamente.
“Nenhum outro candidato cumpriu os critérios para a inclusão no debate de 26 de setembro. Os critérios voltam a ser aplicados a todos os candidatos antes do segundo e do terceiro debate presidencial”, explicou o organismo.
Estão ainda agendados outros dois debates presidenciais, no dia 09 de outubro em Saint Louis (Missouri) e no dia 19 de outubro em Las Vegas (Nevada). Também será realizado um frente-a-frente entre os aspirantes ao cargo de vice-presidente, o democrata Tim Kaine e o republicano Mike Pence, a 04 de outubro em Farmville (Virgínia).