30 filmes de 15 países, exibidos ao longo de seis dias. Será assim a segunda edição do festival Queer Porto, de 4 a 9 de outubro, com epicentro no Teatro Rivoli e atividades nos espaços Mala Voadora, Maus Hábitos e Galeria Wrong Weather.

A programação completa foi anunciada em conferência de imprensa na tarde de terça-feira, no Rivoli, e a âncora será a retrospetiva “New Queer Cinema”, com seis filmes que recordam os primórdios daquilo a que hoje se chama cinema queer, movimento iniciado na década de 1980, nos EUA, com produções independentes baseadas na vida e cultura de minorias sexuais e de género.

As seis obras a exibir são:

Mala Noche (1986), de Gus van Sant (dia 5, às 19h00),
Go Fish (1994), de Rose Troche (6, às 17h00),
Swoon (1992), de Tom Kalin (7, às 19h00),
The Watermelon Woman (1996), de Cheryl Dunye (8, às 19h00),
The Living End (1992), de Gregg Araki (9, às 17h00),
Poison (1991), de Todd Haynes (9, às 22h00).

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O ciclo “New Queer Cinema”, paralelo à competição oficial do Queer Porto, parece demonstrar que os organizadores do festival (a associação cultural Janela Indiscreta) estão ainda em busca de um público portuense alargado para este género cinematográfico, apresentando por isso obras históricas, e consensuais, que sirvam de cartão-de-visita.

[trailer de Mala Noche, de Gus van Sant]

Os realizadores Tom Kalin e Cheryl Dunye vão estar no Porto para apresentarem os seus filmes e no dia 7, às 11h00, na Mala Voadora, vão dar uma palestra especialmente dirigida a alunos da Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo (ESMAE) e da Faculdade de Belas Artes do Porto. A entrada é livre e o público em geral também pode assistir.

A secção competitiva do Queer Porto é composta por oito filmes e terá como jurados o realizador Tom Kalin, o artista plástico Júlio Dolbeth e a produtora e realizadora Céu Pinto. Dos oito, destacam-se Kiki, da realizadora sueca Sara Jordenö, e Antonia, de Ferdinando Cito Filomarino. Trata-se de um documentário de 2016 descrito como a versão atualizada do mítico Paris is Burning – filme de 1990, de Jennie Livingston, que mostrava negros transgénero de Nova Iorque a praticarem voguing, estilo de dança em que Madonna se inspirou para criar o tema Vogue.

“Uma nova e muito diferente geração de jovens LGBTQ [lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e queer] formaram uma subcultura artística ativista chamada kiki scene”, descreve a sinopse. O filme “segue sete figuras desta comunidade ao longo de quatro anos, utilizando os seus ensaios e as suas performances espetaculares”.

Kiki é também um retrato das classes baixas nova-iorquinas numa época de afirmação política das pessoas transgénero e do movimento dos negros contra a violência policial nos EUA. Passa no dia 5, às 17h00.

[trailer de Kiki, de Sara Jordenö]

Antonia, o outro filme em destaque, marca a estreia nas longas-metragens do realizador italiano Ferdinando Cito Filomarino, nascido em 1986. Baseia-se na história real da poetisa italiana Antonia Pozzi (1912-1938) e integra o recente filão de tributos cinematográficos a figuras mais ou menos esquecidas daquilo a que hoje se chama cultura LGBT.

“Antonia vive em Milão, nos anos 1930, sob um regime ao qual é alheia, apaixona-se, escreve, fotografa, escala montanhas, estes são os últimos dez anos da sua breve e intensa vida”, lê-se no resumo. Passa no dia 8, às 15h00.

[trailer de Antonia, de Ferdinando Cito Filomarino]

Fazendo a ponte entre o cinema e a linguagem musical e televisiva, o Queer vai apresentar no espaço cultural Maus Hábitos, dia 6, às 23h30, a sessão de entrada livre “Queer Pop”, dedicada a David Bowie, com telediscos de temas como Life on Mars?, Loving the Alien ou Where Are We Now. Entrada livre.

Nascido em Lisboa há 20 anos, o festival estreou-se no Porto em 2014 com uma edição-piloto que incluiu uma retrospetiva dedicada ao realizador americano John Waters. A primeira edição oficial decorreu no ano passado, com um programa de quatro dias – desta vez maior, com seis dias.

Nenhum filme a exibir no Porto foi antes mostrado em Lisboa, exceção feita para Absolutely Fabulous: The Movie, de Mandie Fletcher, que abriu o Queer Lisboa deste ano e vai estar no Rivoli no dia 8, às 21h30.

A edição lisboeta teve lugar entre 16 e 24 de setembro, no Cinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa. O prémio de Melhor Longa-Metragem, no valor de mil euros, foi atribuído a Antes o Tempo Não Acabava, de Sérgio Andrade e Fábio Baldo, que o júri considerou ter uma “estética cinematográfica muito interessante que combina documentário com ficção de uma forma pouco habitual”.

O prémio de Melhor Documentário, que consiste na compra dos direitos de exibição pela RTP2, foi para Irrawaddy Mon Amour, de Valeria Testagrossa, Nicola Grignani e Andrea Zambelli.