A obra inédita de Mario Vargas Llosa, ‘Os contos da peste’, é editada em outubro, em Portugal, anunciou, esta terça-feira, a editora portuguesa, adiantando que este título se inspira no ‘Decamerón’, de Bocaccio.

“O contexto base desta obra — a reunião de uns jovens numa moradia nos arredores de Florença, durante a qual contam uns aos outros histórias para se entreterem enquanto a peste assola a cidade — inspirou Vargas Llosa a construir uma peça de teatro em torno do desejo baseada em oito dos contos de Boccaccio”, lê-se no comunicado enviado à Lusa pelas Publicações D. Quixote que chancelam a obra.

“O humor, o poder da imaginação, o amor — desde o idealizado amor cortês até ao mais carnal — e as relações entre classes sociais são as chaves desta obra que congrega a essência do espírito do Decamerón: a luxúria e a sensualidade exacerbadas pela sensação de crise, de abismo aberto, de fim do mundo”, remata a editora portuguesa.

O livro ‘Os contos da peste’ foi traduzido por Maria do Carmo Abreu.

Mario Vargas Llosa nasceu em 1936, em Arequipa, no Peru e atualmente tem dupla nacionalidade, peruana e espanhola, tendo recebido vários prémios literários internacionais, entre eles, o Prémio P.E.N./Nabokov, o Cervantes, o Príncipe das Astúrias e o Grinzane Cavour.

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Em 2010, foi distinguido com o Prémio Nobel de Literatura pela “sua cartografia das estruturas de poder e pelas imagens pungentes da resistência, revolta e derrota dos indivíduos”, segundo a mesma fonte.

Dos seus títulos refira-se ‘A cidade e os cães’, que lhe valeu o Prémio Biblioteca Breve, em 1962 e o da Crítica Espanhola, em 1963).

‘A casa verde’, com o qual recebeu o Prémio Nacional de Romance do Peru, o da Crítica Espanhola, e Rómulo Gallegos em 1967 e 1968, ‘Conversa n’A catedral’ (1969), ‘Pantaleão e as visitadoras’ (1973), ‘A tia Julia e o escrevedor’ (1977), ‘A guerra do fim do mundo’ (1981), ao qual foi atribuído em 1985 o Prémio Ritz-Hemingway, ‘História de Mayta’ (1984), ‘Quem matou Palomino Molero?’ (1986), ‘Elogio da madrasta’ (1988), ‘Lituma nos Andes’, distinguido com o Prémio Planeta, em 1993), ‘Cartas a um jovem romancista’ (1997), e ‘Travessuras da menina má’ (2007), são outros.

O escritor recebeu em julho de 2014 o título de ‘Doutor Honoris Causa’ da Universidade Nova de Lisboa.

Na ocasião o poeta Nuno Júdice afirmou que Vargas Llosa “vai além da sua pátria, a que sempre se dedicou, nomeadamente quando, num momento difícil, foi candidato à Presidência do Peru”, acrescentando que “os romances do escritor são imprescindíveis para conhecermos a História do continente sul-americano, os seus conflitos e a sua sociedade”.

Mario Vargas Llosa por seu turno, alertou para os perigos da “sociedade do espetáculo” que vivemos e a ditadura da tecnologia, tendo defendido uma literatura que “mantenha o espírito crítico, sem a qual desapareceria a liberdade”.