O Deutsche Bank em Portugal não subscreveu o acordo coletivo de trabalho dos bancários pelo que os funcionários eventualmente atingidos pela reestruturação ficam “à partida” sem o apoio das estruturas sindicais, disse à Lusa fonte sindical.

“Não tivemos grande sucesso na sindicalização dos trabalhadores do Deutsche Bank em Portugal, nos últimos anos, e que funciona com balcões como se fossem franchising da instituição. Foi uma pena porque, se tivéssemos tido êxito, hoje os trabalhadores teriam uma defesa diferente. Curiosamente, e depois de tantos anos de crise, agora é a Alemanha que lhes vira as costas”, disse à Lusa Rui Riso, presidente do Sindicato Nacional dos Bancários do Sul e Ilhas.

Segundo o mesmo dirigente sindical, no Deutsche Bank, em Portugal, os trabalhadores sindicalizados “são poucos” e, por consequência, não se espera grande envolvimento no que diz respeito a apoio jurídico.

“Eles têm contratos individuais de trabalho, e alguns até podem remeter os casos para um instrumento como o nosso — porque pode existir abertura jurídica para o nosso envolvimento — mas a verdade é que o número de sindicalizados do Deutsche Bank não tem expressão”, explicou, recordando que qualquer trabalhador em Portugal “está sempre”, no mínimo, abrangido pelo Código de Trabalho.

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“Uma das coisas que faz com que se verifique uma sindicalização muito forte no setor é, sem dúvida, o apoio na saúde mas como o Deutsche Bank em Portugal não é subscritor do acordo coletivo de trabalho os trabalhadores não têm o nosso apoio em termos de saúde tendo optado por seguros de saúde privados”, acrescentou Rui Riso.

A sucursal do Deutsche Bank em Portugal está em processo de reestruturação, estando previsto o fecho de 15 agências, a abertura de seis centros de investimento e a saída de alguns trabalhadores, disse à Lusa o presidente do banco na quarta-feira.

O Deutsche Bank tem atualmente cerca de 400 trabalhadores em Portugal, com 50 balcões, e, de acordo com Bernardo Meyrelles, irá fechar 15 dependências, sobretudo nas cidades de Lisboa e do Porto, não tendo revelado o número de pessoas que podem vir a ser afetadas.

“Este processo de reestruturação está a ser planeado há mais de um ano e passa por preparar o banco para um modelo de negócio bancário que não necessita de tanta presença física, que é mais digital”, afirmou o presidente do Deutsche Bank em Portugal, referindo ainda que a instituição está ainda “a intensificar” a aposta no crédito à habitação e a empresas.

Bernardo Meyrelles disse também que estas alterações não têm que ver com as últimas notícias sobre os problemas do alemão Deutsche Bank, considerando que os clientes compreendem que tem havido empolamento mediático de uma situação já conhecida, referindo-se à multa da Justiça norte-americana.

O Governo alemão disse na quarta-feira que não está a preparar um plano para ajudar o banco desmentindo informações da imprensa alemã que referiam um eventual resgate ao maior banco do país.

O Deustche Bank, que já estava sob pressão, tem sido cada vez mais motivo de preocupação desde que a justiça norte-americana exigiu o pagamento de 14 mil milhões de dólares para resolver um antigo litígio nos Estados Unidos, montante que poderá, no entanto, vir a ser reduzido em negociações.

O Deutsche Bank é acusado, como outros grandes bancos, de ter vendido antes do início da crise financeira de 2008 créditos imobiliários convertidos em produtos financeiros, apesar de saber que não tinham qualidade.