O Presidente angolano nomeou esta segunda-feira uma nova administração para o Banco de Poupança e Crédito, uma das maiores instituições bancárias do país e que está em processo de reestruturação, com 1,1 mil milhões de euros de crédito vencido.

De acordo com uma nota da Casa Civil do Presidente da República enviada à Lusa, José Eduardo dos Santos exonerou a atual administração, liderada por Paixão Júnior, e nomeou para o seu lugar, como presidente do conselho de administração e administradora não executiva, Cristina Florência Dias Van-Dúnem, que até maio foi vice-governadora do Banco Nacional de Angola.

A nota refere que foi “exonerado todo o seu conselho de administração e procedido à nomeação de um novo conselho de administração e da sua comissão executiva”, esta última que passa a ser presidida por Zinho Baptista Manuel.

Para os cargos de administradores não executivos foram ainda nomeados Rosa José Silvério Corrêa Victor, Júlio Ângelo da Cruz Correia, Djamila Hugette da Silva de Almeida Prata e Alcides Horácio Frederico Safeca.

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Para administradores executivos, o Presidente angolano nomeou João António Freire, Sebastião João Manuel, Sandra da Cunha Baptista, João Domingos dos Santos Ebo, Pedro Sérgio da Costa Pitta Groz e Carlos Manuel de Carvalho Rodrigues.

A Lusa noticiou a 23 de setembro que o Estado angolano vai emitir mais de 1.2 mil milhões de euros em dívida a favor da sociedade pública criada para gerir alguns ativos financeiros daquele banco estatal.

A informação consta de um decreto assinado por José Eduardo dos Santos, com data de 15 de setembro e ao qual a Lusa teve acesso, sendo que a sociedade em causa, Recredit – Gestão de Ativos, já foi apelidada pela imprensa local como uma espécie de “banco mau” do BPC.

Aquando da criação desta sociedade, que a Lusa noticiou a 21 de julho último, num documento governamental aludia-se então à “necessidade do Estado proceder à gestão de determinados ativos financeiros” do BPC, “através de uma entidade que se dedique de modo exclusivo a esta atividade”.

Com o decreto deste mês prevê-se, segundo se lê no documento, a emissão de Obrigações do Tesouro em Moeda Nacional no valor máximo de 231.127 mil milhões de kwanzas (1.250 mil milhões de euros) a favor da Recredit, “com o objetivo exclusivo de serem utilizadas como contrapartida no processo de cedência de ativos do BPC”.

A sociedade anónima de capitais públicos Recredit foi criada enquanto participada a 100 por cento pelo Ministério das Finanças.

O ativo total do BPC está avaliado em 1.399 biliões de kwanzas (7.560 mil milhões de euros).

O Ministério das Finanças anunciou no final de outubro de 2015 o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento ao processo de reestruturação do BPC, através de uma linha de crédito para financiar o plano de desenvolvimento daquele banco público angolano e o alargamento da sua carteira de empréstimos para 800 milhões de dólares (716 milhões de euros) nos próximos cinco a sete anos.

A par do empréstimo, aquele grupo africano vai ainda apoiar o BPC na aplicação de um sistema de gestão de riscos.

O BPC conta com mais de 5.200 trabalhadores e 400 agências para um total de clientes superior a 2,2 milhões, mas viu os resultados líquidos descerem quase 07 por cento de 2014 para 2015, para 8.289 milhões de kwanzas (44.7 milhões de euros).

Do total de crédito contabilizado até ao final do ano passado pelo BPC, 218.418 milhões de kwanzas (1.180 mil milhões de euros) correspondem a crédito vencido, por sua vez um aumento de quase 84% igualmente em dois anos e 16,1% tendo em conta o registo de 2014.

O banco tem constituídas provisões de 6,1% sobre o total do crédito concedido, ainda assim o dobro de 2014, mas abaixo dos 08% de 2013, apresentando um rácio de solvabilidade no final de 2015 de 11,3%.

A Lusa noticiou há precisamente um ano que o Estado angolano iniciou um processo de aumento do capital social do BPC para garantir a sua viabilidade.