O ministro do Interior de Angola afirmou hoje que a situação em Cabinda é estável, negando as informações das Forças Armadas Cabindesas (FAC), que desde agosto já reivindicaram a morte de mais de 50 militares angolanos.

O governante falava após receber em audiência o embaixador de Portugal em Luanda, João Caetano da Silva, tendo comentado os recentes anúncios de operações militares feitos pela Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC).

“Em Cabinda, o clima de segurança é estável, é uma província normal, apesar de algumas especulações e notícias infundadas sobre pseudo-ações militares que se têm realizado”, afirmou o ministro Ângelo da Veiga Tavares, em declarações aos jornalistas depois de ter abordado o atual momento de segurança em Angola com o diplomata português.

A FLEC reivindicou a 19 de setembro a morte de mais 18 operacionais das Forças Armadas Angolanas, elevando a mais de meia centena os mortos em ataques reclamados desde agosto pelas FAC.

Num “comunicado de guerra” enviado à Lusa, em Luanda, refere-se que os novos ataques aconteceram dias antes, nos arredores da aldeia Makumeni, no município de Buco Zau, precisamente “uma semana após a visita do embaixador português [em Angola] João Caetano da Silva” a Cabinda.

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O documento refere igualmente que os combates provocaram oito feridos entre os militares das FAA, além de três mortos e quatro feridos do lado das FAC.

Alguns jornalistas foram convidados a acompanhar a recente visita do diplomata português a Cabinda, que resultou de um convite do governo provincial, e relataram um ambiente de normalidade naquele enclave.

A Lusa não foi convidada ou informada sobre esta visita.

A FLEC/FAC afirma que “a guerra existe em Cabinda e que os confrontos vão continuar” até que o Governo angolano “se comprometa” em negociar com “uma solução pacífica e uma paz duradoura”.

O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas também desmentiu em agosto, em Luanda, a ocorrência dos sucessivos ataques reivindicados pela FLEC/FAC, com dezenas de mortos entre os soldados angolanos na província de Cabinda.

Geraldo Sachipengo Nunda disse então que a situação em Cabinda é de completa tranquilidade, negando qualquer ação da FLEC/FAC, afirmando que aqueles guerrilheiros “estão a sonhar”.

A FLEC luta pela independência de Cabinda, alegando que o enclave, de onde provém a maior parte do petróleo angolano, era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte do território angolano.

Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC/FAC a manter-se como o único movimento de resistência armada contra a administração de Luanda.