Pep Guardiola agarrou-se aos ensinamentos de Johan Cruijff para se transformar no que é hoje — a filosofia de ambos impõe que as suas equipas tenham sempre a bola. Foi no Barcelona que se cruzaram: o treinador holandês passou por Camp Nou entre 1988 e 1996, enquanto o catalão jogou no clube do coração entre 1990 e 2001. O agora treinador chegaria a dizer que nada sabia de futebol até conhecer o treinador. Johan fez de Pep o cérebro da Dream Team, ali na zona 6 (médio defensivo). O que não se sabia até hoje é o que pairava na cabeça dos responsáveis do Barça…
“O Barcelona queria desfazer-se de Guardiola”, conta a autobiografia da estrela holandesa, que foi colocada à venda na semana passada. A obra chama-se “My Turn”, numa referência ao seu drible famoso, mas que também pode ter o significado literal: a minha vez.
“O clube achava que ele era muito magrinho, mau defensivamente e fraco na bola aérea. Se não fosse por mim, Guardiola provavelmente teria sido vendido a um clube da segunda divisão”, pode ler-se no livro que conta a história do homem que venceu na Catalunha quatro Ligas Espanholas, uma Taça dos Campeões Europeus e uma Taça das Taças, entre outros troféus.
E o que dizia Cruiff a Pep? Pois bem, que assumisse. “Disse a ele que, acima de tudo, tinha de ser um patrão. Aquele que toma decisões e é responsável pelas consequências. Neste sentido Pep seguiu o mesmo caminho que eu”, contou o senhor que ganhou muitos troféus no Ajax, Barcelona e Feyenoord como jogador e que ficou muito perto da conquista do Campeonato do Mundo de 1974, quando perdeu para a Alemanha de Franz Beckenbauer.