Milhares de mulheres polacas protestaram esta segunda-feira contra uma nova lei que visa proibir totalmente o aborto na Polónia. Durante o protesto, inspirado pela greve das mulheres na Islândia de 1975, as manifestantes percorreram as ruas da capital, Varsóvia, vestidas de preto e passaram o dia sem ir trabalhar, estudar e até sem fazer tarefas domésticas.

A ser aprovada, esta lei contra a qual as mulheres polacas lutam deverá proibir definitivamente o aborto, em todas as circunstâncias. As mulheres que interrompam voluntariamente a gravidez serão punidas com cinco anos de prisão, e os médicos que assistam nos processos também poderão ser sancionados, relata a BBC. Atualmente, o aborto é proibido na Polónia, com apenas três exceções: quando está em perigo a vida da mulher; quando há o risco de danos irreversíveis para o feto, e quanto a gravidez resultar de uma violação ou de incesto.

Uma das manifestantes, ouvida pela BBC, explica que o governo quer “introduzir uma lei anti-aborto que significa que, em muitos casos, as mulheres serão sentenciadas à morte. Vai tirar-lhes a sensação de segurança que têm, as opções de tratamento que estão disponíveis quando a gravidez põe em risco as suas vidas ou a sua saúde”.

A proibição total do aborto é apoiada pela Igreja Católica e pelo partido que está atualmente no poder. A 23 de setembro, o parlamento polaco decidiu que a lei irá ser discutida por uma comissão parlamentar, e foi esta decisão que motivou a organização da greve. “Muitas mulheres neste país sentiram que não têm nenhum poder, que são iguais, que não têm direito a uma opinião”, explicou ao The Guardian uma das organizadoras do protesto, Magda Staroszczyk.

Estatísticas referidas pela BBC revelam que o número de abortos ilegais na Polónia é substancialmente superior ao de interrupções legais — entre 10 mil e 150 mil ilegais para cerca de mil ou dois mil abortos legais.

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