A Hungria quer recrutar trabalhadores para fazer frente à grande vaga de emigração registada após a entrada do país na União Europeia (entre 350 e 500 mil pessoas saíram do país desde 2010, escreve o El País). Mas com uma condição: têm de ser cristãos e respeitar os valores da sociedade húngara.
Recentemente, o ministro húngaro da Economia, Mihaly Varga, admitiu que a Hungria tinha falta de trabalhadores, mas sublinhou que só os estrangeiros cultural e historicamente semelhantes aos húngaros poderão trabalhar no país. O governo tem insistido na necessidade de garantir os “valores cristãos” do país, que tem recusado receber refugiados do Médio Oriente.
Empresas de todo o país estão a recrutar funcionários estrangeiros, depois de milhares de jovens terem abandonado a Hungria em busca de melhores condições laborais, nomeadamente um salário acima dos 580 euros que representam o salário mínimo naquele país.
Este ano, um conjunto de trabalhadores mexicanos chegou à Hungria para trabalhar numa fábrica de peças para automóveis. Os habitantes da aldeia pensaram que se tratava de um grupo de refugiados e recusaram-se a falar com eles. No dia em que descobriram que eram mexicanos, a situação inverteu-se. O El País escreve que a taberna local até começou a organizar serões para ver a Copa América, episódio que mostra a forma como os húngaros encaram os refugiados.
Os baixos salários que se praticam no país têm desencorajado os estrangeiros de procurarem residência e trabalho na Hungria, e a campanha para ir buscar os jovens que emigraram — e que custou aos cofres do estado mais de 400 mil euros — fracassou: num ano, 105 jovens voltaram.
No último domingo, o país organizou um referendo em que os cidadãos rejeitaram as quotas de refugiados impostas pela União Europeia. No entanto, como menos de 50% dos cidadãos participaram na votação, o referendo foi inválido. O primeiro-ministro, Viktor Orban, considerou, ainda assim, que o resultado representa uma vitória. Orban recusa o plano de Bruxelas para acolher 160 mil refugiados, não aceitando receber a quota devida à Hungria, de 1.200 refugiados.