Os portugueses que tentam emagrecer perdem, em média, sete a oito quilos, em 44 semanas, mas 80% do peso perdido é depois recuperado, segundo um novo estudo da Faculdade de Motricidade Humana (FMH) feito com uma amostra representativa da população portuguesa. Pedro Teixeira, professor e investigador da FMH, explicou à Lusa que, em média, em cada dez quilos de peso perdidos pelos portugueses há oito quilos que são recuperados.
“Há muitas pessoas que conseguem perder peso mas a maioria tem dificuldades em mantê-lo ao longo do tempo”, afirma Pedro Teixeira, para quem falta de motivação não é certamente o fator que explica o reganho de peso.
Aliás, a motivação para perder peso ficou expressa num outro estudo, publicado há cerca de um ano, em que se conclui que 44% dos adultos em Portugal estavam ativamente a perder peso, com as mulheres a exibirem a percentagem mais elevada (54%).
As explicações para as dificuldades em manter o peso que se perdeu podem ser diversas. Uma delas pode passar pelo uso de estratégias e métodos que não são sustentados no tempo, como o recurso a dietas demasiado agressivas ou a ausência de exercício físico.
Por outro lado, o estilo de vida contemporâneo ajuda certamente a explicar o fenómeno de reganho de peso, como argumenta o investigador Pedro Teixeira: “Vivemos num ambiente muito pressionante para o ganho de peso, é como estar a remar contra a corrente do rio. Há muita pressão para uma alimentação demasiado calórica e para passarmos muito tempo sentados”.
Contudo, há histórias de sucesso, muitas delas refletidas no Registo Nacional de Controlo de Peso, um banco de dados de adesão voluntária de pessoas que foram bem-sucedidas a perder peso em Portugal.
Em média, os mais de 350 participantes nesse Registo conseguiram perder 18 quilos durante 28 meses.
Esta é uma amostra selecionada de casos de sucesso na população portuguesa e que pode ajudar a compreender os fatores que contribuem para a perda e manutenção de peso.
“Não há uma única receita para o sucesso. É sempre a própria pessoa que consegue encontrar a fórmula que melhor se adapta às suas preferências, ao seu quotidiano. Sabemos que existem vários perfis de sucesso. Cabe a cada um perceber o que é melhor no seu caso”, refere Pedro Teixeira.
Mas há questões concretas comuns aos casos de sucesso de perda e de manutenção do peso, como a alimentação equilibrada e com um padrão regular e a capacidade de incluir a atividade física no dia-a-dia e não passar muitas horas a ver televisão.
“É rara a pessoa que consegue manter peso com sucesso sem atividade física regular, ronda apenas um por cento dos casos”, adianta o investigador.
Atualmente, a Faculdade de Motricidade Humana está a testar as estratégias de manutenção da perda de peso com o recurso às tecnologias de informação, tentando compreender como sites ou aplicações informáticas e de telemóvel podem ser usadas ao serviço da melhoria da saúde.
Este estudo (NoHow), financiado pela Comissão Europeia, vai decorrer igualmente na Dinamarca e também no Reino Unido.
Em Portugal, a FMH convida os portugueses que já empreenderam um processo de perda de peso ou estão a fazê-lo a integrarem, de forma gratuita, o estudo, beneficiando de avaliações periódicas que podem ajudar a investigação e contribuir para o controlo dos casos individuais.