Se quer iniciar uma conversa com um matemático, dizer que foi um péssimo aluno a Matemática na escola ou que detestava a disciplina não é a melhor solução. Pelo menos na opinião do matemático húngaro Endre Szemerédi. “Felizmente agora os jornalistas procuram-me menos para entrevistas”, confessa, aliviado.

Longe do ambiente formal de uma entrevista, o “passeio turístico de matemática” deixou o investigador mais à vontade. Combinando a timidez com o sorriso afável e um humor apurado, Endre Szemerédi foi apreciando o campus de Matemática em Heidelberg (Alemanha) e as obras de arte criadas por Koos Verhoeff.

Koos Verhoeff é, originalmente, um matemático e cientista da computação holandês, embora atualmente também seja conhecido pelas suas esculturas. “O meu pai pediu a um artista que criasse uma escultura com base numa fórmula matemática que lhe apresentou. Como o artista rejeitou, ele decidiu fazê-la sozinho”, conta o filho, Tom Verhoeff, também ele um cientista da computação.

As três esculturas de Verhoeff fazem parte do novo campus matemático da cidade. Os matemáticos em Heidelberg estavam dispersos em sete edifícios diferentes até que a Fundação Klaus Tschira (HTS, na sigla em alemão) financiou a construção do Campus Mathematikon (e, claro, das esculturas). Quando criou a fundação, o físico Klaus Tschira tinha como objetivo apoiar a investigação em ciências naturais, matemática e ciências da computação, daí que tenha também financiado outras unidades de investigação em Heidelberg e arredores. Foi o próprio físico que, em 2013, escolheu que esculturas queria no espaço.

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No âmbito da sua missão, a HTS também financia o Heidelberg Laureate Forum (HLF) – uma conferência que junta cerca de 200 alunos de Matemática e Ciências da Computação e alguns dos laureados dos principais prémios nesta área (Abel Prize, Fields Medal, Turing Award e Nevanlinna Prize). Endre Szemerédi, Prémio Abel 2012, está no HLF pela terceira vez e elogia a iniciativa do encontro. “Encontramos muitos jovens investigadores brilhantes.”

O matemático de 76 anos mostra-se fascinado com a capacidade matemática dos mais jovens, sejam os jovens investigadores com os quais trabalha e que resolvem os problemas com mais rapidez do que os investigadores seniores, sejam as crianças ainda em idade escolar. “Estive numa escola na Noruega, a jogar com crianças entre os 12 e os 15 anos, e eles ganharam quase todos os jogos [matemáticos]”, confessa sorrindo.

O Observador esteve presente no Heidelberg Laureate Forum a convite da organização do evento.