Marcelo Rebelo de Sousa não perdeu tempo e ligou a António Guterres assim que soube que era praticamente certa a eleição do antigo primeiro-ministro português como secretário-geral da ONU. Minutos depois, radiante, o Presidente da República afirmava que “ganhou o melhor” e confessou que acabou por ser ele a informar o português do resultado da votação nas Nações Unidas. O chefe de Estado falou em “vitória da transparência” e equipara este feito a um prémio Nobel.
Marcelo viu o seu “maratonista natural”, como lhe tinha chamado fazer os seus 42 quilómetros na ONU. Para o presidente “é evidente que é também uma vitória da transparência da democracia internacional o facto de ganhar alguém que entrou na maratona no início e correu-a toda até ao fim. Acho que uma prova que é uma maratona é para ganhar quem corre a maratona toda e não quem corre só uma parte da maratona.”
O Presidente conta que teve conhecimento da notícia entre dois pontos de agenda e deu mais uma volta com o carro para ligar ao antigo primeiro-ministro. “Soube quando vinha no caminho da Academia Militar para aqui [mercearia social Valor Humano], já falei com António Guterres e estou muito feliz porque ao contrário de muitas vozes que ouvi por aí, acho que é muito bom para as Nações Unidas, mas é muito bom para Portugal.” Marcelo explica que é “muito bom para a ONU porque é o melhor que é eleito”, o que ganha particular importância, já que há a “sensação, a nível internacional, que, por causa dos equilíbrios, nem sempre é o melhor o escolhido.”
O Presidente equipara mesmo a vitória de Guterres ao Nobel de Saramago. Marcelo não quer parecer que está ser “patrioteiro, nem ser apenas patriota”, mas diz ser “evidente que é bom para Portugal quando um português ganha o Prémio Nobel da Literatura, quando temos grandes pintoras e grandes escritores reconhecidos pelo mundo, grandes artistas, e é igualmente bom para Portugal quando temos como secretário-geral das Nações Unidas um português“.
Marcelo Rebelo de Sousa diz que Guterres “é de facto excecional“, mas também há aqui um reconhecimento de Portugal como país que tem “uma vocação muito especial para ser uma plataforma entre culturas, civilizações e continentes.” A votação demonstra, no entender do Presidente, que Portugal não tem “anti-corpos”. Nem Guterres: “No momento decisivo, ninguém estava contra ele. Reconhecendo o seu mérito e também reconhecendo a posição de Portugal no mundo, que é uma posição de diálogo, de ecumenismo, de compreensão, de fazer pontes.“