O secretário-geral adjunto do Fórum Macau, Vicente de Jesus Manuel, assumiu esta quarta-feira que os países lusófonos esperam mais da cooperação económica com a China, como apoios ao desenvolvimento da capacidade produtiva.

“A expectativa é maior. A conjuntura atual de todos os países [lusófonos] não é das melhores, as trocas comerciais estão a declinar em cerca de 18% ou 19% em relação aos anos anteriores, portanto, uma das saídas para reverter esta situação é diversificar a economia dos países de língua portuguesa que são maiores exportadores em matéria-prima não processada”, afirmou Vicente de Jesus Manuel, secretário-geral adjunto do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, conhecido como Fórum Macau.

Vicente de Jesus Manuel referiu, nesse sentido, duas componentes que integram o próximo plano de ação do Fórum Macau, que sairá da conferência ministerial que se realiza a 11 e 12 de outubro: a estratégia ‘Uma Faixa, Uma Rota’, em que “os países identificam, planificam e exploram juntos os projetos, e o acordo que se vai criar (…) sobre a capacidade produtiva”. “Portanto, a expectativa é maior em relação ao plano de ação em relação a estes dois aspetos, mas as áreas anteriormente acordadas serão ainda reforçadas”, disse.

“Uma Faixa, uma Rota” é a versão simplificada de “Faixa Económica da Rota da Seda e da Rota Marítima da Seda para o Século XXI”, o projeto de investimento impulsionado pela China para reforçar a sua posição como centro comercial e financeiro da Ásia.

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Vicente Manuel Jesus considera que as duas vertentes — ‘Uma faixa, Uma rota’ e o reforço da capacidade produtiva de países lusófonos — são uma alternativa ao endividamento dos países de língua portuguesa.

“Se uma das partes, neste caso uma empresa, achar que pode entrar, que tem meios de financiamento, poderá financiar através do investimento direto. Será uma alternativa ao endividamento dos estados”, explicou, sublinhando o maior empreendedorismo esperado do setor empresarial. “É claro que, neste caso, a banca vai desempenhar um papel crucial”, acrescentou.

Nesse âmbito, referiu que a internacionalização do yuan, a realizar através do Banco da China, também vai facilitar o investimento e as trocas comerciais.

“Também o Banco da China, sucursal de Macau, é uma alternativa aos pedidos de financiamento das empresas da China, assim como de Macau. (…) Abriu as suas portas aos países de língua portuguesa para efeitos de parceira ou de investimento direto”, afirmou.

Além disso, observou que, de uma forma geral, a cooperação económica da China nos países lusófonos assenta nas áreas das infraestruturas, energia, agricultura, pescas e turismo.

Por sua vez, a secretária geral do Fórum Macau, Xu Yingzhen, notou o interesse crescente do setor privado para “participar na cooperação comercial e de investimento” e chamou a atenção para o facto de a banca chinesa estar a aumentar o número de representações nestes países.

“Não só os bancos da China têm interesse em participar na cooperação. Os bancos locais, dos países lusófonos, também têm, por exemplo, o Banco do Brasil já tem um banco sucursal em Xangai (…). Isso quer dizer que os bancos dos países de língua portuguesa também têm interesse em participar na cooperação entre a China e os países de língua portuguesa”, afirmou.