A carta era escrita em português mas, talvez por isso, o presidente da Comissão Europeia, que não domina a língua portuguesa, quis acrescentar alguns detalhes, à mão, nos idiomas que domina: francês e inglês. Começou no cabeçalho, onde se dirigiu ao “Caro António”, como “mon chère ami” (meu querido amigo), e terminou na despedida, onde desejou ao ex-primeiro-ministro português “all the best” (tudo do melhor). Para terminar em beleza: um coração manuscrito.

Na carta, que pode ler neste artigo, Jean-Claude Juncker diz-se “extremamente satisfeito” pela nomeação de Guterres para o cargo de secretário-geral das Nações Unidas, sublinhando que a escolha do ex-primeiro-ministro português é um “forte sinal de esperança nas virtudes das soluções multilaterais para superar os desafios globais”. E enumera esses mesmos desafios que o novo homem forte da ONU vai enfrentar: a manutenção da paz e da segurança a nível internacional, as migrações, as alterações climáticas e a promoção e defesa dos direitos humanos.

LetterJuncker-Guterres

Antes da carta, o porta-voz da Comissão Europeia, Alexander Winterstein, deu conta de que Juncker tinha começado o dia com uma longa conversa telefónica com o ex-primeiro-ministro português para congratulá-lo pela nomeação.

O telefonema e a carta chegaram um dia depois de a generalidade dos líderes mundiais ter congratulado Guterres pela nomeação praticamente certa para a ONU. Durante todo o processo, a Comissão Europeia foi várias vezes acusada de falta de neutralidade devido à candidatura de última hora da vice-presidente do Executivo comunitário, Kristalina Georgieva, que avançou com o apoio implícito da Alemanha.

Juncker e Guterres conheceram-se há 20 anos quando ambos foram primeiros-ministros (de Portugal e do Luxemburgo) e o atual presidente da Comissão Europeia considera o português um “amigo pessoal”. Daí o ♥ a ilustrar a carta.

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