A PSP de Lisboa vai reunir esta sexta-feira com os responsáveis pelas associações que representam os taxistas para negociar o percurso da manifestação contra a Uber marcada para segunda-feira, 10 de outubro. Os motoristas querem levar os táxis do Parque das Nações até à Assembleia República (AR), atravessando toda a cidade de Lisboa. A PSP sabe que a manifestação em si causará transtornos, mas quer reduzi-los ao máximo e deverá obrigar os taxistas a seguir a pé até à AR em determinado ponto da marcha.

As intenções dos taxistas são verbalizadas ao Observador pelo próprio responsável pela Federação Portuguesa do Táxi (FPT), Carlos Ramos. “Na informação que enviámos para a Câmara de Lisboa colocámos uma hora de início para a manifestação, mas não uma hora de fim. Isto pode prolongar-se durante dias. Está nas mãos do Governo”, avisa o responsável.

“Nós queremos levar os carros até à Assembleia da República e só sair de lá quando o Governo nos atender. Estamos a convocar o pessoal todo para trazer tendas e sacos de cama. Nem que as nossas famílias nos vão levar comida”, diz Carlos Ramos.

Os dirigentes associativos do Porto e de Faro deslocaram-se esta quinta-feira à PSP local a dar conta dos seus planos. “Foi uma questão de gentileza, para que percebessem que a concentração de táxis naquelas cidades era apenas um ponto de encontro”, explicou Carlos Ramos. Já a PSP de Lisboa chamou os dirigentes para uma reunião, a realizar esta manhã de sexta-feira, para poderem acertar alguns pormenores do percurso. Uma das propostas da polícia poderá ser, mesmo, pedir aos taxistas que deixem os carros estacionados antes da Assembleia da República — como aliás aconteceu na última manifestação.

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“Tínhamos dúvidas se a manifestação seria só num local ou se também ocorreria no Porto, por isso convocámos a reunião. Há alguns detalhes que têm que ser explorados e só depois podemos apresentar um percurso definitivo. Há questões de segurança a ter em conta, como os corredores de urgência para ambulâncias. E há restrições que vão ter que acontecer. O mais provável é que os carros não possam ser levados até à Assembleia”, admite ao Observador o porta-voz da Direção Nacional da PSP, intendente Hugo Palma,

O oficial da PSP diz que uma manifestação em “hora de ponta” causará sempre transtorno e que dificilmente esse transtorno poderá ser evitado. Mas a ideia é reduzir ao máximo os efeitos colaterais de uma concentração desta natureza. “Vamos aconselhar as pessoas a andarem de metro e de comboio e teremos mais informações a dar depois da reunião”, diz Hugo Palma ao Observador.

A ideia é que os taxistas do Porto se concentrem às 3h00 naquela cidade e rumem a sul, passando por Fátima — onde estão reunidos os colegas do centro — para o ponto de encontro às 7h30 junto à Pousada da Juventude do Parque das Nações. Pela mesma hora da madrugada, às 3h30, mas em Faro, concentrar-se-ão todos os taxistas do Algarve, que se encontram, depois, no centro sul de Almada com outros colegas da Margem Sul, também rumo ao Parque das Nações.

Pelas 8h00, os esperados seis mil táxis (50% dos registados) seguem o percurso em marcha lenta por Moscavide, aeroporto, atravessando depois a avenida Gago Coutinho, a Estados Unidos da América e a avenida da República, rumo à avenida da Liberdade em direção ao rio, para atravessar a baixa de Lisboa e apanhar a 24 de julho até, depois, chegar ao destino: a Assembleia da República.

Carlos Ramos insiste que a intenção é que os carros sigam até à porta da Assembleia. Mais: que o Governo responda a todas as suas reivindicações. “Não aceitamos imposições por parte do ministro, queremos que alguém do Governo venha dizer-nos que temos táxis ilegais e que podemos ter soluções para esse problema, que esta lei em cima da mesa é ilegal e que não vai a discussão a Conselho de Ministros”. O dirigente garante que os taxistas só vão desmobilizar quando isso acontecer.

A informação sobre a manifestação foi entregue à Câmara de Lisboa (em substituição do extinto Governo Civil de Lisboa), que por seu turno pede parecer à PSP. A polícia vai emitir um parecer, positivo ou negativo, depois de reunir com os taxistas.

Recorde-se que o Governo anunciou que o decreto-lei que regulamenta a atividade de plataformas eletrónicas como a Uber será aprovado até ao final do ano. Os taxistas são contra.