O Plano Nacional de Cinema (PNC), criado em 2013, está ainda em fase de progressão para responder, durante os próximos anos, ao interesse das escolas em aderir ao projeto, revelou à agência Lusa a coordenadora, Elsa Mendes.

O PNC está no terreno, tem um plano de progressão grande, estamos numa fase de implementação e creio que dentro de um ano letivo ou dois vamos entrar numa nova fase”, referiu a coordenadora, na véspera da 2ª. Conferência Plano Nacional de Cinema, que acontece no sábado na Cinemateca, em Lisboa.

O Plano Nacional de Cinema foi criado pelo Governo em 2013 para promover a “literacia para o cinema” junto das escolas dos ensinos básico e secundário. Ao longo de um ano letivo, os alunos estão em contacto com sessões de cinema e aulas sobre a história do cinema e a prática cinematográfica.

O que é mais importante aqui é que os alunos, com a mediação da escola e dos professores, sejam confrontados com a obra de arte cinematográfica, com filmes que estão fora de circuito mais vulgar ou comercial, digamos assim”, defendeu Elsa Mendes.

No ano letivo em curso, o PNC conta com a adesão de cerca de 190 escolas, com professores que procuram “valorizar o cinema como expressão artística“, a partir de uma estratégica delineada pela equipa do PNC:

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A conferência de sábado em Lisboa pretende fazer “uma espécie de balanço da implementação do Plano Nacional de Cinema e para tentar perceber que caminhos pode seguir, contando com responsáveis de vários organismos, cineastas e professores”, afirmou Elsa Mendes.

Ao fim de três anos de existência do PNC, a coordenadora enaltece o aumento de interesse por parte das escolas em integrar o conhecimento sobre cinema no plano letivo. Todos os distritos do país já estão representados no projeto.

Quanto à adesão por parte dos agentes do setor do cinema – produtores, realizadores, exibidores e distribuidores -, Elsa Mendes reconheceu que projetos como o PNC “têm que se dar a conhecer” e que é preciso trabalhar essa ligação com aqueles intervenientes. “Todos os dias recebemos contactos com pedidos de informação sobre o funcionamento do plano”.

No ano letivo 2015/2016, cerca de 25 mil alunos de 152 escolas participaram nas atividades do PNC, tendo sido realizadas 216 sessões de cinema, das quais 70 aconteceram em sala de cinema, fora do ambiente escolar.

Este ano, o PNC apresentou às escolas um novo plano estratégico com listas de filmes para diferentes idades e níveis letivos, abrangendo vários géneros cinematográficos, tanto em formato como em conteúdo.

“O circo” (1928), de Charles Chaplin, “Aniki Bobó” (1942), de Manoel de Oliveira, “O tesouro do barba ruiva” (1955), de Fritz Lang, “Não” (2010), de Abbas Kiarostami, “Entrecampos” (2012), de João Rosas, e “Outro país” (1999), de Sérgio Tréfaut, são alguns dos filmes propostos para visionamento e trabalho em sala de aula.

O Plano Nacional de Cinema é uma iniciativa conjunta das secretarias de Estado da Cultura e do Ensino Básico e Secundário, com parceria do Instituto do Cinema e Audiovisual e Cinemateca Portuguesa.

Sem revelar qual o orçamento do PNC para gerir o projeto a cada ano letivo, e que inclui a formação de professores, Elsa Mendes referiu apenas que “é insuficiente à medida que as solicitações [das escolas] aumentam“.

Na conferência de sábado, estarão presentes os secretários de Estado da Cultura, Miguel Honrado, e da Educação, João Costa, o diretor da Cinemateca, José Manuel Costa, o musicólogo Rui Vieira Nery, Guilherme d’Oliveira Martins, administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, os realizadores Luís Filipe Rocha, Margarida Cardoso e Pedro Serrazina e coordenadores de várias escolas aderentes do PNC.