Segundo as autoridades, Saakashvili e cinco deputados do Movimento Nacional Unido (MNU, oposição) conspiraram recentemente para denunciar uma “fraude eleitoral” e provocar protestos antigovernamentais em caso de derrota. Presidente da Geórgia entre 2004 e 2012 após derrubar o anterior Presidente Eduard Shevardnadze na designada “Revolução das Rosas”, Saakashvili — proibido de regressar ao seu país sob a acusação de abuso de poder — irrompeu quarta-feira na campanha com uma videoconferência onde prometeu aos seus apoiantes regressar à Geórgia “para celebrar a vitória com o povo georgiano”.
O reaparecimento do ex-presidente, que negou as acusações de conspiração após a divulgação pelo YouTube de uma suposta reunião conspirativa onde terá participado, ocorreu durante um comício no centro da capital georgiana onde participaram mais de 10.000 apoiantes do MUD, numa inesperada demonstração de força da oposição.
Nacionalizado ucraniano após o derrube do ex-presidente Viktor Yanukovych em fevereiro de 2014, Saakashvili é atualmente governador da região ucraniana de Odessa, e foi inclusive sondado para primeiro-ministro no seu país de adoção.
Considerado o principal aliado dos Estados Unidos na região do Cáucaso, o ex-líder e o seu MNU foram derrotados nas legislativas de 2012, decidindo abandonar o país. Após a reforma de 2013, o Presidente georgiano passou a exercer funções representativas, com as principais decisões políticas a transitarem para o governo, incluindo na política externa.
Neste contexto, as eleições de hoje são consideradas cruciais para esta ex-república soviética do Cáucaso do norte, que mantém como prioridades a adesão à União Europeia (UE) e NATO, com quem coopera em diversas missões.
Mas ao contrário de Saakashvili, acérrimo adversário do Kremlin, o atual Governo também ensaiou uma aproximação com a Rússia, após o congelamento das relações na sequência da guerra pelo controlo da região separatista da Ossétia do Sul em 2008. A lista oficial, encabeçada pelo primeiro-ministro Giorgi Kvirikashvili, lidera as intenções de voto, enquanto o MUD apresenta como figura de proa o ex-presidente do parlamento, David Bakradze, na generalidade considerado o “testa de ferro” do ex-presidente exilado.
“Todas as tentativas para desestabilizar o país serão reprimidas. Os órgãos competentes controlam a situação e fazem todo o possível para evitar o perigo”, afirmou na sexta-feira o ministro da Defesa georgiano, Levan Izoria.