O primeiro-ministro afirmou este domingo acreditar que, em breve, serão dados “passos importantes” nas relações entre Portugal e China no setor financeiro e destacou o acordo para a facilitação da instalação de empresas chinesas no porto de Sines.

António Costa falava numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo chinês, Li Keqiang, após ter sido recebido no Palácio do Povo, em Pequim, com honras militares, e de os governos de Portugal e China terem assinado oito acordos de cooperação nos domínios da cultura e da economia.

No que respeita ao setor financeiro, num momento em que estão em curso processos como a venda do Novo Banco e uma possível entrada de capital chinês no Millenium BCP, o líder do executivo português não se referiu a casos específicos, mas deixou uma observação: “É importante não só consolidar os investimentos feitos em Portugal, como também criar novas oportunidades de investimento”.

“Houve passos dados importantes relativamente ao setor financeiro e tenho esperança que novos passos possam vir a ser dados”, disse.

Dos oito acordos hoje assinados, o primeiro-ministro referiu-se de forma especial ao acordo empresarial celebrado entre o Haitong Bank, o China Development Bank e o AICEP (Agência para a Internacionalização e Comércio Externo de Portugal).

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Um acordo que, segundo o primeiro-ministro, visa a implementação na zona industrial e logística do porto de Sines “de facilidades para a instalação de empresas chinesas, sendo por isso uma porta importante para atração de um novo tipo de investimento”.

“Também o facto de passarmos a ter uma ligação aérea a partir de junho entre Lisboa e a China, e o acordo celebrado entre a Huawei e a PT abrem um espaço muito importante de desenvolvimento no domínio tecnológico”, considerou.

Ao longo dos dois dias de presença em Pequim, o primeiro-ministro assumiu como objetivo político direcionar os investimentos chineses da aquisição de ativos em empresas portuguesas já existentes para novos projetos, com criação de novos empregos.

No que respeita ao setor energético, de acordo com António Costa, também foram registados progressos. “Destaco o acordo agora assinado entre a China Three Gorges (CTG) chinesa e a EDP para a cooperação em mercados terceiros. E há uma vontade muito forte para trabalho conjunto no projeto de interconexão de redes com Marrocos”, especificou.

Na conferência de imprensa, Costa pegou em palavras antes proferidas pelo primeiro-ministro chinês, dizendo que este “manifestou vontade de cooperação ao nível do mercado das energias renováveis e, também, ao nível da relação deste mercado com a área da indústria automóvel”.

“Esta viagem à China visou consolidar o que foi feito nos últimos anos, mas também deixar as sementes para aquilo que temos de plantar e fazer crescer nos próximos anos. Creio que a forma muito expressiva como o senhor primeiro-ministro chinês se expressou aqui é indicativa da firme vontade política da República Popular da China em aprofundar os laços económicos com Portugal”, acrescentou.

Entre os oito acordos de cooperação assinados entre Portugal e China, consta um sobre reciprocidade de instalação de centros culturais – um entendimento em relação ao qual não foram divulgados detalhes.