O primeiro-ministro, António Costa, comparou Macau “a uma enorme ponte virtual” que liga a China aos países de língua oficial portuguesa de vários continentes, conferindo-lhe uma dimensão de centralidade a vários níveis.

António Costa falava no final de uma cerimónia de inauguração de um laboratório de tradução automática entre as línguas portuguesa e chinesa no Instituto Politécnico de Macau, após ter passado pela Escola Portuguesa.

Durante a cerimónia, vários responsáveis desta instituição de Ensino Superior classificaram o laboratório automático de tradução como um passo tecnológico “decisivo” para a difusão do português entre os falantes de língua chinesa.

Isto, a par da conclusão de dois volumes sobre língua portuguesa, intitulados “Português Global”, que vão ser agora publicados e distribuídos na China pela maior editora chinesa.

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Na sua intervenção, António Costa pegou na expressão usada esta manhã pelo primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, de que Macau é uma terra de pontes.

O primeiro-ministro aproveitou depois essa imagem para defender a tese sobre a centralidade deste território que esteve sob administração portuguesa até 1999.

“Mas há uma outra ponte, que é muito mais extensa do que as diferentes pontes que formam Macau. Uma ponte virtual que liga Macau a todos os países onde o português é a língua oficial”, disse.

De acordo com o líder do executivo português, essa ponte virtual é, de facto, uma enorme ponte, que parte de Macau para Timor-Leste, que depois segue para Moçambique, para a África Ocidental, até ao Brasil, chegando finalmente a Portugal”, declarou.

No seu discurso, António Costa afirmou também que a língua “é um fator de identidade” dos povos, mas que, ao contrário de outros fatores de identidade, “é também um meio de aproximação entre culturas”.

“A língua portuguesa é falada por 260 milhões de pessoas, é uma das mais faladas do mundo e é a mais falada em todo o hemisfério sul. Em 2050, o português será a primeira língua de 360 milhões de pessoas”, frisou.

Antes, o primeiro-ministro visitou a Escola Portuguesa de Macau, onde descerrou uma lápide alusiva à sua presença que foi colocada ao lado de uma outra referente ao antigo primeiro-ministro José Sócrates.

Nas conversas com as crianças, António Costa teve duas surpresas, a última, já no final da visita, quando uma menina lhe perguntou se “o Passos Coelho” também tinha vindo àquela cerimónia.

“Não, não veio”, respondeu António Costa com um sorriso.

Antes de ouvir um coro infantil cantar-lhe o hino nacional, uma criança também perguntou ao primeiro-ministro se ele era irmão do Tiago. A criança referia-se a Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação, que na quarta-feira vai também visitar a Escola Portuguesa de Macau.

António Costa respondeu imediatamente: “Não, não sou irmão do Tiago. Sou só amigo do Tiago [Brandão Rodrigues]”.

A Escola Portuguesa de Macau, que leciona todos os graus de escolaridade, do 1º ao 12º, tem neste momento 550 alunos de 25 nacionalidades distintas.