O crédito malparado nos bancos portugueses voltou a subir em agosto para mais de 18 mil milhões de euros, devido ao crescimento do crédito em incumprimento das empresas.
Segundo dados do Banco de Portugal, hoje divulgados, os créditos vencidos de empresas eram de 12.960 milhões de euros em agosto, mais 34 milhões de euros do que em julho, o que se traduz num rácio de crédito vencido das empresas de 16,48%, tendo em conta os 78.640 milhões de euros que os bancos tinham emprestado a empresas nesse mês.
Já o crédito vencido de particulares desceu em agosto 19 milhões de euros, face a julho, para 5.071 milhões de euros, o que equivale a 4,29% do total emprestado (118.142 milhões de euros).
No total, os bancos portugueses tinham em agosto 18.031 milhões de euros em crédito malparado, mais 15 milhões de euros do que em julho, o equivalente a um crescimento ligeiro de 0,083%.
Os cerca de 18 mil milhões de euros em malparado representavam em agosto 19,68% do total emprestado pelos bancos a particulares e empresas, que era então de 196.782 milhões de euros.
Apesar do crescimento ligeiro do crédito malparado, este ainda está em níveis abaixo de meses mais recentes. O crédito vencido atingiu o valor máximo em agosto de 2015, quando tocou os 19 mil milhões de euros.
O elevado nível de crédito malparado na banca portuguesa tem sido considerado um risco para a estabilidade financeira e para a rentabilidade do setor e o Banco de Portugal tem vindo a defender a criação de um veículo que retire dos balanços dos bancos estes ativos problemáticos, apesar da oposição já manifestada por alguns banqueiros.
Na proposta de Grandes Opções do Plano (GOP) para 2017 o Governo defende que sejam criadas medidas específicas para reduzir o ‘stock’ de crédito vendido, apesar de nunca falar diretamente na criação de um ‘bad bank’ (veículo para ativos problemáticos).
Quanto ao ‘stock’ de crédito dos bancos em agosto, este era de 196.782 milhões de euros, o que representa uma queda de 797 milhões de euros em relação a julho, ou -0,40%.
O total de empréstimos caiu nos particulares, menos 245 milhões de euros (de 118.387 milhões em julho para 118.142 milhões em agosto), mas sobretudo nas empresas, ao descer 552 milhões de euros (de 79.192 em julho para 78.640 no mês seguinte).