Excelência, qualidade e individualidade são alguns dos valores assumidos pela marca Cartuxa, granjeados pelo seu estilo muito próprio, definidor de um clássico do Alentejo. Para a Fundação Eugénio de Almeida – detentora de outros produtos como o prestigioso Pêra-Manca –, este reconhecimento faz-se acompanhar pela vontade de experimentar novos campos de expressão. Esta é, aliás, uma característica da Fundação, que não gosta de descurar a comunicação das suas marcas.

Recentemente, foram os rótulos EA que mereceram novos traçados e uma roupagem inspirada na Op Arte. No design de marca, a já célebre sigla da Cartuxa surge agora isolada na superfície da garrafa, anulando a tradicional divisão entre o vidro e o papel do rótulo, dando ao produto uma força expressiva inscrita na matéria.

As formas geométricas estabelecem a coerência visual em toda a gama EA, sendo a diversidade entre vinhos estabelecida pela cor e pela textura da garrafa. Inicialmente composta pelos vinhos EA Tinto, Branco, Reserva e Rosé (agora de garrafa fosca), a gama apresenta duas novidades: os vinhos biológicos EA Bio Tinto e Branco (com a sigla em cortiça), que vêm enriquecer a experiência de prova deste vinho.

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Com esta nova roupagem, a Albuquerque Design pretendeu «mostrar o que todos sabem mas não têm coragem de dizer», ou seja, «a alteração da perceção pelo vinho», de modo a «dar resposta ao desafio de realizar uma campanha de imprensa que promovesse, de forma efetiva, a marca de produto EA, o vinho de grande série da Cartuxa, com o objetivo de o diferenciar e tornar top of mind do mercado». Tirando partido da capacidade de perceção do movimento de imagens estáticas, o rebranding do packaging trouxe uma abordagem inesperada, que «confere à marca EA ousadia, proximidade e intensidade, tal como o seu rótulo – simples, impactante e memorável», garantem os responsáveis pela ação.

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O passo seguinte integra uma campanha global, também da responsabilidade da agência Albuquerque, que concebeu uma ação com presença na televisão, na imprensa, outdoors, pontos de venda e internet. Dois princípios estão na base da nova campanha que se concentra na linguagem e nas suas várias possibilidades. O primeiro passa por induzir em vez de definir. De acordo com os responsáveis da agência de publicidade, «a Cartuxa transfere o papel de interpretação do vinho para quem o prova, em contraste com o marketing de autoelogio das marcas, que tem vindo a perder força na avalanche de opinião das redes sociais». Com esta base, está lançado o mote para o segundo princípio, que passa por «sair do território cultural do produtor e posicionar-se noutra atmosfera cultural».

Neste caso, trata-se de abandonar a linguagem típica do universo do vinho, com termos como «vinho frutado», «terroir», «herdade», «adega», «região», etc., e partir para uma nova linguagem, oriunda do campo das artes. Afinal, a erudição e a cultura fazem parte do património AE, ou seja, a Fundação Eugénio de Almeida.

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Para uma linguagem nova, nada melhor do que intérpretes novos, ou tradutores. Quem nunca se inspirou no vinho? Poetas como Baudelaire teceram-lhe loas, como em O vinho dos amantes, ou O vinho do assassino, mas também cineastas, como Hitchcock, no seu Difamação, com uma das cenas mais emocionantes passada numa adega, ou até no Outono pintado, de Arcimboldo, com um tanoeiro cujo rosto é feito de uvas e tábuas. Mas os exemplos seriam intermináveis e arbitrários e, para evitar tal dispersão, a agência convidou cinco criadores portugueses, praticantes de cinco linguagens diferentes, desafiando-os a todos, a traduzirem o vinho EA.

Beberam pois a sua inspiração numa experiência de prova sensorial e submeteram-se à pergunta: se o EA fosse… uma fotografia, Luís Mileu? E se fosse uma pintura, Pantónio? Se este vinho fosse uma dança, Né Barros, como se dançaria? E se fosse um poema, Matilde Campilho? Ou uma música? Ficou a questão para os Dead Combo.

A poetiza, cuja «escrita é muito de imagens», segundo a própria, depressa se deixou levar pelas sensações até um mundo onde «somos do tempo da magia, tu e eu», contando «as parras e as uvas pelos dedos», para sempre lembrar «que reside lento no fundo do copo» o eterno «segredo». Não podendo trazer para o espaço deste artigo a música, nem a dança, ficam as palavras de Tó Trips (Dead Combo), que fala de uma experiência de «garimpeiro», em que se «passa horas à procura de qualquer coisa interessante»… até «conseguir ter aquela lucidez e clareza de agarrar momentos que podem ser únicos», diz-nos Né Barros, numa dança de palavras. Para o pintor de serviço, o «objetivo é uma viagem e é nisso que me agrada o meu processo de pintura», confia Pantónio, com a certeza de Luís Mileu que, sobre o processo de fotografar, garante haver «entre emoção e alma alguma coisa que mesmo eu muitas vezes não consigo explicar».

Talvez inexplicável, ou até intraduzível, a experiência EA – Cartuxa é sempre adaptável por cada um. A prova está dada neste processo coletivo que apresenta um registo fílmico e fotografado, dividido em três fases: prova, criação e obra. O resultado artístico é eclético e contemporâneo, sendo revelador de um vinho cujo sabor se insinua em quem o olha, despertando uma vontade de tradução inspiradora. A campanha integra já o redesign da garrafa e da marca e assina com o lema: «EA, a inspiração bebe-se».