O sobe e desce das bolsas dá-se diariamente, mas nem todas as subidas e quedas são iguais. Os analistas técnicos dedicam-se a achar padrões nos gráficos de bolsa, padrões que podem antecipar movimentos futuros, e houve alguma coisa na queda da bolsa de Nova Iorque na terça-feira que não caiu bem com os analistas do HSBC. Esta manhã o banco de investimento decidiu enviar uma nota aos clientes em que lança um “alerta vermelho” e assegura que existe uma forte probabilidade de uma “queda acentuada” nas bolsas.

O “alerta vermelho” do HSBC dirige-se à bolsa norte-americana, mas dificilmente as bolsas europeias resistem a movimentos bruscos na bolsa dos EUA. A bolsa dos EUA, que esta quarta-feira segue praticamente inalterada, caiu cerca de 1% na terça-feira. Não é uma queda invulgar, mas o HSBC cruzou as cotações com outros indicadores: o analista Murray Gunn detetou que os índices de volatilidade continuam a subir desde o final do verão e, além disso, as quedas foram generalizadas e não concentradas em alguns setores empresariais. O volume de transações de ações em queda foi, também, bem maior do que o volume de negociações em ações que subiram. Não são bons sinais.

“Com o mercado dos EUA a sofrer uma pressão de venda agressiva no dia 11 de outubro, emitimos um alerta vermelho“, atirou o HSBC, numa nota citada pela Bloomberg. “A probabilidade de uma queda acentuada no mercado acionista é muito elevada”, acrescentou o banco de investimento. O especialista vê semelhanças com as vésperas do colapso bolsista de 1987 e não é único: um especialista do Citi, Tom Fitzpatrick, também traçou uma comparação entre os dois momentos, recentemente.

Tratando-se de análise técnica (que contrasta com a análise fundamental, que olha mais para a economia e para as expectativas de resultados das empresas), Murray Gunn consegue determinar alguns níveis importantes para a bolsa de valores – níveis que se forem quebrados podem dar o “tiro de partida” para perdas ainda mais intensas. No índice S&P 500, o índice mais utilizado pelos investidores na bolsa dos EUA, o patamar que está marcado no ecrã do analista é os 2.116 pontos. Se o índice S&P 500 furar esse nível, as coisas vão complicar-se, diz Murray Gunn.

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Sensivelmente a meio da sessão norte-americana desta quarta-feira, o S&P 500 estava a cotar nos 2.138 pontos.

SPX Index (S&P 500 Index) Daily 2016-10-12 16-41-32

Um outro analista do HSBC já tinha, no início da semana, afirmado que a bolsa estava a viver numa “combinação perigosa” de fatores de risco a que os investidores não estão a prestar a atenção devida. Entre esses fatores estão as expectativas ambiciosas de resultados empresariais, a incerteza das políticas económicas e, ainda, a incerteza em torno das eleições norte-americanas e do referendo em Itália agendado para 4 de dezembro, que poderá fazer cair o primeiro-ministro Matteo Renzi.

“Acreditamos que os mercados estão muito vulneráveis”, afirmou o analista Ben Laidler, chefe da estratégia global em ações do HSBC.