Acumulam-se os relatos de alegados assédios sexuais de Donald Trump a mulheres. Só na quarta-feira foram divulgadas quatro histórias diferentes de comportamentos impróprios que o candidato republicano à Casa Branca terá tido ao longo da vida.

No domingo passado, durante o segundo debate presidencial com Hillary Clinton, o moderador perguntou diretamente a Donald Trump se, apesar dos comentários ofensivos que fez durante uma conversa privada em 2005, o candidato já tinha de facto feito alguma coisa com mulheres contra a vontade delas. “Não, não fiz”, respondeu Trump.

Mas desde então já várias mulheres vieram publicamente acusar o milionário de ter tido comportamentos impróprios. Na quarta-feira, o The New York Times revelou a história de duas mulheres que afirmam que Trump as apalpou e beijou à força. “Ele parecia um polvo. As mãos dele estavam em todo o lado”, disse Jessica Leeds ao jornal, recordando como, há mais de trinta anos, o candidato à Casa Branca a terá atacado sexualmente durante uma viagem de avião. Segundo a mulher, hoje com 74 anos, o magnata agarrou-lhe as mamas e tentou pôr as mãos por dentro da sua camisola.

Outra alegada vítima, Rachel Crooks, afirma que, em 2005, Donald Trump a beijou diretamente na boca à saída de um elevador da Trump Tower, em Nova Iorque, onde estão sediadas as empresas do candidato. “Foi muito desapropriado. Fiquei muito perturbada por ele pensar que eu era tão insignificante que ele podia fazer aquilo”, diz hoje Crooks.

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Alguns outros relatos apareceram citados noutros meios de comunicação, como o The Guardian, o BuzzFeed, a CBS, o Palm Beach Post, a CNN, a Yahoo e a People. Uma das acusações mais recentes veio de quatro mulheres que participaram num concurso de beleza em 1997 de que Trump era patrocinador. Segundo elas, o magnata entrou nos camarins de repente, quando as concorrentes estavam despidas, e fez comentários jocosos sobre a situação. “Não se preocupem, senhoras, já vi isso tudo antes”, terá dito. O BuzzFeed, que relata essa história, sublinha no entanto que apenas quatro das 49 concorrentes contactadas pela publicação têm memória de tal situação. O The Guardian traz uma história semelhante: pelo menos duas mulheres que participaram no concurso de Miss Estados Unidos em 2001 queixam-se de que Trump entrou nos camarins enquanto elas estavam nuas.

Donald Trump nega as acusações e acusa mesmo os meios de comunicação norte-americanos de estarem a inventar tudo para o prejudicar nas eleições. “Nada disto aconteceu”, disse ao The New York Times, insultando mesmo a jornalista que o questionou por telefone. “És um ser humano nojento”, acusou. Pouco depois, a direção da campanha presidencial lançava um comunicado sobre o tema. “Todo o artigo é ficção”, escreveu Jason Miller, assessor de comunicação do milionário. “É absurdo pensar que um dos mais famosos homens de negócios do planeta, que tem um forte historial de valorização das mulheres nas suas empresas, faria as coisas alegadas neste artigo. E o facto de isto só se tornar público várias décadas depois, no final de uma campanha presidencial, diz tudo.”

Perante isto, a adversária de Trump aproveitou para o acusar de ter mentido no debate. A diretora de comunicação da campanha de Hillary Clinton disse que estas notícias mostram que “os comportamentos nojentos de que se gabou na gravação [de 2005] são mais do que apenas palavras”, como alega o republicano.