Poucos saberão, mas o restaurante Boi-Cavalo, em Alfama, foi concebido em boa parte na edição de 2013 da Trienal de Arquitetura de Lisboa. Em boa parte, sim: no caso dos restaurantes, ao contrário dos seres humanos, a conceção pode fazer-se aos poucos. “Foi na cafetaria da última edição que foram ensaiadas muitas das características que o definem”, explica Hugo Brito, que, há três anos, foi selecionado pelos responsáveis da Trienal para ficar definir o conceito e ementa da respetiva cafetaria, experiência que serviria de antecâmara para o nascimento do seu restaurante.

Phoi-Cavalo Hugo Brito

Hugo Brito, o homem que puxa as rédeas do Boi (e Phoi) Cavalo.
(foto: © Tiago Pais)

Porquê Phoi Cavalo?

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Se o trocadilho com o nome do restaurante é bastante óbvio, a opção pela street food vietnamita pode não o ser tanto. Hugo Brito explica: “Em Lisboa não há pho. Ou há, mas é péssimo, porque não existe uma comunidade vietnamita que o cozinhe e coma, e, por isso, o que há é uma palidíssima reprodução, que envergonha uma das melhores comidas de rua que dois tostões podem comprar. Então, já que não há comunidade vietnamita, inventamo-la.”

A coisa correu bem para os dois lados. Assim, três anos volvidos Hugo volta a assumir a responsabilidade de alimentar todos aqueles que queiram passar pela sede da Trienal de Arquitetura (o Palácio Sinel de Cordes, no Campo de Santa Clara). Desta vez, sob um nome sugestivo: Phoi-Cavalo. Tal como a designação indica, o conceito da coisa assenta, em primeiro lugar, nas típicas sopas vietnamitas (pho) que Hugo Brito serve aqui em dois tamanhos (pequeno a 4€ e grande a 6€) e três variedades: clássico (com rabo de boi, ossobuco e aba de vaca), bacalhau (com pickles de alho e alga nori) e vegetariano (com tofu frito salteado, pele de tofu e gema de ovo desidratada).

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Depois de servido, cada pho pode ser personalizado pelo cliente numa mesa com a devida mise en place: não faltam ingredientes para aromatizar ou apimentar o caldo, das malaguetas às ervas aromáticas, sem esquecer os rebentos de soja. A oferta não se esgota, contudo, nas sopas. O bánh mi (5€), sanduíche de inspiração vietnamita, pode (e deve) servir de complemento à refeição. Trata-se de um pão baguete — introduzido no país durante o período de domínio francês — recheado de maionese caseira japonesa, paté de fígados de porco, lombo de porco char siu, torresmos (à portuguesa, porque como diz Hugo Brito, “isto é o Phoi-Cavalo”), rebentos de soja, pickle de daikon e cenoura, malagueta, pepino e coentros. Tudo de produção própria, exceto a massa dos pho e o pão.

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O bánh mi, uma sanduíche vietnamita muito bem servida.
(foto: © Tiago Pais / Observador)

A ideia é que os clientes peguem e levem: não há propriamente lugares sentados mas não falta espaço em redor — a cafetaria fica no pátio do Palácio Sinel de Cordes. A preocupação ecológica também é evidente: todos os recipientes, guardanapos e utensílios são produzidos em material bio-degradável e compostável. Copos incluídos, já que para beber há chá gelado caseiro e cerveja artesanal Dois Corvos (Avenida, a Blond Ale da cervejeira lisboeta) de pressão a um preço bem simpático: 1,5€. E nem a sobremesa foi esquecida: neste campeonato Hugo pôs as influências vietnamitas na prateleira e sacou um belíssimo gelado (2€) de café, leite condensado e cardamomo, com arroz tufado, sal de café Corallo e xarope de romã. Phonix, que é bom.

Nome: Pop-Up Phoi-Cavalo
Morada: Trienal de Arquitectura de Lisboa, Palácio Sinel de Cordes (Campo de Santa Clara), Lisboa
Horário: De terça a sábado, das 12h às 20h, até 11 de dezembro de 2016.
Preço Médio: 8€
Site: trienaldelisboa.com/theformofform/cafetaria-phoi-cavalo