Nada parece ser mais importante para a Samsung Electronics, neste momento, do que resolver a crise que se instalou na empresa devido aos graves problemas surgidos com o seu novo smartphone, e que levaram mesmo à suspensão da sua produção e consequente retirada do mercado. Segundo avança a Automotive News, o gigante sul-coreano da electrónica está de tal forma concentrado nesta questão, que até foram suspensas as conversações que vinha levando a cabo com a Fiat Chrysler Automobiles (FCA), com vista ao estabelecimento de uma eventual parceria com a divisão de componentes do fabricante italo-americano.

Ao que parece, as duas empresas nem sequer chegaram a acordo quando à avaliação da Magnetti-Marelli e à estrutura do negócio que permitiria à Samsung adquirir a divisão de componentes da FCA. E, assim, regressar ao mais alto nível e de uma forma directa ao sector automóvel, depois de mais de uma década e meia de ausência.

Segundo a mesma fonte, as negociações entre as duas partes não foram abandonadas, antes apenas suspensas. Mas, ainda assim, parece altamente improvável que um acordo possa ser assinado até ao final do ano, como inicialmente previsto.

A Samsung estará, de momento, mais preocupada em limitar os danos – financeiros e de imagem – causados pelos casos de incêndio devidos ao sobreaquecimento do Note 7, do que em envolver-se em novos negócios de grandes dimensões. O Grupo FCA, pelo seu lado, deverá querer saber em que condições ficará a Samsung depois deste desaire, o mais grave de sempre envolvendo um smartphone.

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Além dos milhões de telemóveis que a marca coreana vai ter de aceitar de volta, estando obrigada a pagá-los ou a substituí-los, consoante a vontade dos clientes, há ainda questões relativas à responsabilidade civil, ou seja, aos incêndios propagados a outros bens pelo Note 7, tendo surgido nas notícias alguns casos envolvendo automóveis. Mesmo que as autoridades não consigam provar que a responsabilidade pertence aos equipamentos da Samsung, o mal já está feito em termos de imagem.

A Samsung Electronics é “só” a maior empresa da Coreia do Sul, tendo anunciado prever uma redução de 2000 milhões de euros dos seus lucros operacionais relativos ao terceiro trimestre de 2016, em resultado da suspensão da produção do Galaxy Note 7.

E a FCA, pelo seu lado, estava a contar com a venda da Magnetti-Marelli ao gigante coreano, por cerca de 3000 milhões de euros, para cortar uma importante fatia da dívida que o grupo italo-americano actualmente possui e que ronda 5,5 milhões de euros.