O candidato presidencial do Partido Republicano, Donald Trump, referiu-se a uma das mulheres que têm vindo a público para relatar histórias em que conta episódios de abuso sexual como “maluca” e descredibilizou a sua história. A mulher em questão chama-se Jessica Leeds, tem 74 anos, e a sua história foi publicada no The New York Times. De acordo com Leeds, Trump convidou-a para juntar-se-lhe na primeira classe de um voo. “As mãos dele estavam em todo o meu corpo”, disse Leeds. “Ele parecia um polvo.”
“Estas eleições estão feitas”, disse Trump, num discurso em Portsmouth, New Hampshire, repetindo uma frase que já lhe é conhecida e que tem complementado com referências às polémicas mais recentes em torno da sua campanha e da sua personalidade. “As eleições estão feitas, porque há pessoas falsas a surgir com alegações falsas, sem qualquer tipo de testemunha, e que falam de histórias de há 20 ou 30 anos”, disse. “Então e aquela maluca do avião? Alguém consegue acreditar nela?”
De acordo com o relato de Leeds, Trump começou a tocar-lhe de forma sexual depois de ter sido servida uma refeição a bordo, aproximadamente 45 minutos depois de o avião ter levantado voo. “Seja lá como foi, de repente o apoio para o braço desapareceu e foi um choque para mim quando, de repente, as mãos dele estavam em todo o meu corpo”, contou a mulher de 74 anos ao The New York Times.
No discurso desta tarde, Trump chegou a questionar alguns detalhes da história de Leeds. “Alguém consegue acreditar nela? Então vejam só: depois de 15 minutos juntos [ao The New York Times, Leeds não refere quanto tempo demorou o alegado assédio sexual], e nós não nos conhecíamos, ela diz ‘isto é demasiado para mim’. 15 minutos? Com as senhoras que aqui estão, bastaria um segundo e…”, disse, simulando o gesto de uma chapada no ar. “Smack!”
Desde que a história de Leeds foi publicada no The New York Times, também já circula na internet, nos meios favoráveis ao candidato republicano, a informação de que no tipo de avião onde o assédio terá ocorrido os descansos para o braço não se levantavam. A ideia foi inicialmente lançada por uma porta-voz da campanha de Donald Trump. Depois de referir quais os aviões que podiam ter sido usados naquele voo, Katrina Pierson disse: “Sabem que mais? Os aviões de primeira classe tinham os apoios para os braços fixos, por isso eu posso dizer que a história dela, se ela alguma vez foi apalpada num avião, não foi por Donald Trump e certamente que não foi na primeira classe”.
Veja o vídeo da denúncia de Jessica Leeds, em declarações exclusivas ao The New York Times: