A associação dos emigrantes lesados do BES tem uma reunião esta terça-feira na Presidência da República, numa altura em que espera a resposta do Novo Banco a um pedido de negociação com a mediação da CMVM.

Segundo disse à Lusa o presidente da Associação Movimento dos Emigrantes Lesados Portugueses (AMELP), Luís Marques, a reunião vai acontecer com o assessor económico da presidência, Hélder Reis, mas ainda há a hipótese de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também estar presente.

Recentemente, a AMELP entrou com um pedido para que o Novo Banco aceite negociar uma eventual solução através da mediação da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), um procedimento que o regulador dos mercados financeiros permite para conflitos sobre instrumentos financeiros que envolvam investidores não qualificados, caso dos emigrantes.

A reunião no Palácio de Belém, em Lisboa, segue-se aos encontros de 19 de setembro com responsáveis do Banco de Portugal e de 03 de outubro com a CMVM.

Segundo Luís Marques, a reunião com o regulador e supervisor bancário correu bem e este “comprometeu-se a dar orientação ao Novo Banco para que fosse dada uma solução aceitável” aos emigrantes, não só pelas preocupações com os casos particulares dos emigrantes mas também pelos eventuais efeitos negativos no país, nomeadamente nas remessas de emigrantes.

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Já antes dos encontros com os reguladores, a AMELP tinha-se reunido com o advogado Diogo Lacerda Machado, representante do Governo, que terá mostrado o apoio do Executivo a uma solução negociada.

Luís Marques afirmou à Lusa que, de momento, a AMELP está empenhada nestas conversações, mas que se não houver desenvolvimentos voltarão às manifestações e ações de rua, além de que continuará a dizer aos emigrantes para não aplicarem dinheiro nos bancos portugueses:

Não vamos parar por aqui. Se virmos que no próximo mês não há desenvolvimentos vamos continuar, mas esperamos que agora haja bom senso.”

Após a resolução do Banco Espírito Santo (BES), a 04 de agosto de 2014, cerca de 8.000 clientes emigrantes do banco vieram reclamar um total de 728 milhões de euros, acusando o banco de ter aplicado o dinheiro em produtos arriscados sem o seu consentimento.

Para tentar minimizar as perdas, o Novo Banco (o banco de transição que ficou com ativos do BES) propôs aos emigrantes uma solução comercial, que teve a aceitação de cerca de 6.000 clientes (80% do total) que tinham 500 milhões de euros em produtos de poupança.

No entanto, houve clientes que não aceitaram a solução por considerarem que não era justa e não se adequava ao seu perfil, sendo que o Novo Banco também não fez qualquer proposta aos clientes dos produtos EG Premium e Euro Aforro10, argumentando que não era possível devido ao tipo de instrumentos financeiros abrangidos por estes produtos, sendo assim a única alternativa a reclamação do dinheiro em tribunal.

A AMELP é constituída por mais de 400 associados, sobretudo trabalhadores emigrantes portugueses, e já protagonizou vários protestos em Paris, França, e em cidades portuguesas com o objetivo de reaver as poupanças dos emigrantes.