Mais de 20 municípios integram um projeto de telessaúde e teleassistência com que a Associação Nacional de Cuidado e Saúde (ANCS), com sede na Lousã, que pretende criar seis empregos e apoiar 1.500 idosos numa primeira fase.

A iniciativa passa pela instalação de um centro operacional, naquela vila do distrito de Coimbra, que “vai monitorizar, 24 horas por dia, tudo o que se passa com o projeto”, designado “10 Mil Vidas”, disse hoje à agência Lusa a presidente da ANCS, Fernanda Carneiro.

Esta responsável prevê que o funcionamento do centro operacional, com dois trabalhadores em permanência, em regime de turnos, deverá implicar a criação de seis empregos.

Ainda em outubro, a associação sem fins lucrativos sediada na Cerdeira, na Serra da Lousã, vai formalizar uma candidatura aos fundos europeus, para um investimento global de 855 mil euros.

“Mais de 20 municípios integram a candidatura, que vamos apresentar nos próximos dias ao Portugal Inovação Social”, revelou Fernanda Carneiro.

Entre outras ajudas, “o projeto visa dar resposta a emergências, gestão da medicação e recolha de leituras de tensão arterial e de glucose dos idosos”, adiantou.

Experiências piloto com o mesmo objetivo já estão a funcionar, pelo período de um ano, em alguns dos concelhos que aderiram à iniciativa e que se constituíram como investidores sociais na candidatura ao programa Parcerias para o Impacto, no âmbito da iniciativa Portugal Inovação Social.

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É o caso da Lousã, que aprovou em junho um apoio de 15 mil euros para testar o projeto, envolvendo 50 utentes que já são apoiados por instituições locais de solidariedade social.

Para o presidente da Câmara da Lousã, Luís Antunes, trata-se de uma aposta “com relevância em termos sociais e que introduz mais qualidade” na assistência aos idosos.

“Quando assinámos o protocolo de colaboração com a ANCS, havia a perspetiva de o projeto evoluir e ter expressão na empregabilidade do concelho”, sublinhou.

Almada, Chamusca e Porto de Mós são os outros municípios onde os serviços de telessaúde e teleassistência para idosos já funcionam a título experimental e em condições idênticas às da Lousã, “a que deverá seguir-se o Fundão”, referiu a presidente da ANCS.

Segundo Fernanda Carneiro, o instrumento de financiamento “Parcerias para o Impacto” cobre 70% do investimento nas candidaturas desta natureza que são aprovadas, cabendo 30% aos investidores sociais.

O projeto “10 Mil Vidas” envolve misericórdias e outras instituições de solidariedade social (IPSS), bem como as unidades de cuidados na comunidade (UCC), que prestam cuidados de saúde e apoio psicológico e social de âmbito domiciliário e comunitário, enquanto estruturas locais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Fernanda Gonçalves disse que a direção da ANCS “já teve várias reuniões” com o Ministério da Saúde, cujos interlocutores “gostaram da ideia”.

A fim de as UCC participarem no “10 Mil Vidas”, a associação deverá celebrar um protocolo com o ministério.

“Este é um projeto todo virado para o envelhecimento ativo. Estamos sempre a dizer para os idosos saírem de casa e não deixarem de fazer a suas vidas”, sempre que for possível, sublinhou a gestora.

Baseada no uso de novas tecnologias de informação e comunicação, a iniciativa prevê a subcontratação de um serviço de apoio telefónico (call center) a uma empresa da área dos seguros.

No apoio a 10 mil utentes, a ANCS calcula “uma poupança de 6,5 milhões de euros” por ano ao Serviço Nacional de Saúde e à Segurança Social, podendo uma parte desse valor “ser canalizado para os municípios” financiarem essa ajuda aos idosos.

“A nossa missão é ajudar as instituições locais a prestar um apoio mais completo, a mais pessoas, e de forma economicamente sustentável”, afirma a ANCS na sua página na internet.