O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, afirmou, esta segunda-feira, que o crescimento económico do país não estagnou e que apenas “perdeu a pujança” devido à crise ao mesmo tempo que rejeitou comparações com outros países, como Portugal.

O chefe de Estado discursou na Assembleia Nacional, em Luanda, sobre o Estado da Nação, durante a sessão solene de abertura da quinta sessão legislativa da III legislatura, a última antes das eleições gerais de 2017, tendo sublinhado o esforço de recuperação da guerra.

“Foi preciso fazer quase tudo de novo. Desminar, reconstruir, reequipar e reorganizar. Nós não podemos falar do nosso país como se estivéssemos a falar de Portugal, de Cabo Verde, do Senegal ou de outro país qualquer. A nossa história não é igual nem parecida com a dos outros. O nosso povo está consciente desse facto e sabe o porquê e como construir o futuro”, afirmou José Eduardo do Santos.

No anual discurso sobre o Estado da Nação, o Presidente angolano abordou o momento de crise do petróleo, mas relativizando os seus efeitos: “Angola está a lidar com a crise melhor do que outros países. Exemplo disso são a baixa progressiva dos preços dos bens essenciais, da inflação, e a taxa de juros, a recuperação da atividade das empresas e dos níveis do emprego”.

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“A economia não estagnou, apenas perdeu a pujança com que se vinha desenvolvendo, por causa da crise atual”, disse ainda José Eduardo dos Santos.

Durante a intervenção, a propósito da diversificação da economia, para reduzir o peso das exportações de petróleo, o chefe de Estado recordou que essa “não é uma ideia nova”, só que “não havia condições objetivas” no país “para avançarmos mais depressa”, recordando os dois milhões de minas implantadas no final do conflito armado, em 2002.

“Não podíamos construir, sem desminar primeiro. Como é que, nestas condições, podíamos acelerar o desenvolvimento da agricultura familiar ou da agricultura comercial”, questionou.

Sobre a situação económica do país, recordou que, só em 2015, a “quebra brusca” do preço do barril de petróleo tirou a Angola receitas fiscais de quase seis mil milhões de dólares (5,4 mil milhões de euros) e que o investimento público em curso só está a ser possível com recurso ao endividamento interno e externo, “solução que “tem os seus limites”.

Uma das consequências da crise do petróleo, reconheceu, foi a inflação, que a um ano já está nos 40%, tendo o Presidente angolano traçado o objetivo de reduzir para 1% o crescimento mensal dos preços, contra os atuais 4 a 2% por mês.

Na intervenção, o chefe de Estado pediu igualmente “maior eficiência e eficácia” dos investimentos públicos, prometendo apertar o cerco à criminalidade económica, como a relacionada com o branqueamento de capitais ou o financiamento do terrorismo.

“Nós já estamos habituados a lutar contra as diversidades e a ultrapassar os obstáculos”, afirmou José Eduardo dos Santos, reservando medidas concretas para a apresentação do Orçamento Geral do Estado de 2017, a apresentar até final do mês à Assembleia Nacional.