A secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal termina esta quarta-feira uma visita de três dias a Moçambique, onde promoveu o acesso aberto a conteúdos científicos entre os países de língua portuguesa através de plataformas digitais.

“Um dos motivos da minha visita tem a ver com o trabalho que está a ser feito mais recentemente, ligando todos os países de língua portuguesa em torno de repositórios científicos digitais”, disse à Lusa em Maputo Maria Fernanda Rollo, salientando que, cada vez mais, as possibilidades de utilização e reutilização do conhecimento por via de meios tecnológicos “são inesgotáveis”.

A governante observou que Portugal está na “linha da frente” do movimento internacional que defende a partilha aberta da produção científica e o assunto já mereceu uma resolução do Conselho de Ministros, devendo ser lançado em breve um diretório nacional de repositórios digitais científicos.

“Estamos claramente a evoluir para uma política nacional de ciência aberta, que gostaríamos que fosse partilhada e tivesse um ponto de contacto com outros países, designadamente os que usam a língua portuguesa, porque une-nos a cumplicidade da valorização e afirmação da ciência em português, que é também uma prioridade e uma aposta forte”, defendeu.

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Maria Fernanda Rollo referiu que também os países de língua portuguesa acompanham este movimento e deverão reunir-se no início de novembro, incluindo Moçambique, cuja construção do repositório digital tem apoio de Portugal.

“A partilha da produção científica que exista em Portugal e em Moçambique é o mínimo que podemos fazer e é seguramente um estímulo muito importante para desenvolver o conhecimento”, sustentou Maria Fernanda Rollo, insistindo na importância na “democratização e disseminação do conhecimento em geral e da ciência em português”.

A secretária de Estado da Ciência lembrou que atualmente o acesso a publicações e artigos científicos é pago e espera resistências à partilha aberta do conhecimento.

“Isto não se trata de pôr em causa os interesses associados e muito menos a propriedade intelectual. Antes pelo contrário, a ciência aberta é também um fator claro de transparência”, sustentou a governante, acrescentando que a ciência aberta em formato digital não pretende substituir a presença física e mobilidade dos investigadores.

Através destas plataformas, prosseguiu, não só as publicações passam a estar acessíveis como uma tese de doutoramento que acaba de ser defendida, por exemplo em Braga ou no Porto, ficaria imediatamente disponível para a Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo.

“A tecnologia está aí, à nossa disposição, saibamos nós utilizá-la”, declarou.

Além da promoção dos repositórios digitais e da ciência aberta, Maria Fernanda Rollo participou na Feira Nacional da Ciência, que decorreu na segunda e terça-feira na Matola, arredores de Maputo, e visitou o Museu Nacional de Geologia, onde está patente uma exposição sobre uma nova espécie de dinossauro descoberta por uma equipa de investigadores portugueses e moçambicanos.

Na agenda da secretária de Estado esteve também o aprofundamento dos instrumentos de cooperação, entre os quais a ligação entre a Agência Nacional de Ciência Viva de Portugal e a rede de centros científicos moçambicanos, que se encontra em preparação e deverá motivar uma nova visita a Maputo em março.

O programa oficial da visita encerra hoje à tarde no Museu de História Natural de Maputo, onde dará uma palestra sobre “Ciência em português”.