O presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos, António Domingues, vai esta semana ao Parlamento, para um encontro com o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues. A reunião acontece numa altura em que no meio político se debatem intensamente os salários dos novos administradores da Caixa, nomeadamente o de Domingues, revelado na semana passada pelo próprio ministro das Finanças.
A informação adiantada pelo Jornal de Negócios consta na agenda do presidente da Assembleia da República, disponível online. O encontro está marcado para o dia 26 de outubro, às 11 horas no Parlamento. O gabinete de Ferro Rodrigues esclarece que esta reunião foi pedida por António Domingues, no final de setembro, e tem por objetivo a apresentação de cumprimentos do novo presidente do banco público (que assumiu funções no final de agosto) ao presidente da Assembleia da República.
Foi no Parlamento que, há uma semana, o ministro Mário Centeno revelou que António Domingues ganhará anualmente 423 mil euros, com a possibilidade de prémios de gestão, pelo desempenho do cargo de presidente do Conselho de Administração.
Os salários dos novos administradores da Caixa dominaram a discussão política na última semana, levando mesmo o primeiro-ministro a defender os valores, durante um evento do PS, que os seus parceiros no Parlamento — BE e PCP — contestaram. António Costa defendeu salários para os administradores da Caixa em média com os praticados na banca para garantir
Os salários da administração da Caixa deixaram de ter limite em junho deste ano, depois de o Governo ter acabado com os tectos salariais para a administração da Caixa Geral de Depósitos, numa alteração ao Estatuto do Gestor Público que tinha indexado estes vencimentos ao salário do primeiro-ministro.
Na semana passada o PCP levou a votos, na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, uma proposta para limitar o vencimentos dos gestores públicos a 90% do salário do Presidente da República, mas PSD e PS votaram contra. A votação desse dia desencadeou um intenso debate no Parlamento e os sociais-democratas acabaram também por anunciar a intenção de avançar com uma proposta para alterar o regime. No Parlamento tem também estado a decorrer o inquérito à Caixa Geral de Depósitos — cujos trabalhos estão agora suspensos.
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