Na terça-feira, numa visita de imprensa a duas novas exposições, o diretor artístico do Museu Berardo, Pedro Lapa, tinha comentado que as negociações já deviam estar concluídas e lamentou que a coleção de arte criada pelo acordo esteja “parada” desde 2008.
“A situação já deveria estar resolvida há muito tempo”, comentou Pedro Lapa, sobre o facto de faltarem apenas cerca de dois meses e meio para o fim temporal do acordo.
Contactado o Ministério da Cultura sobre o ponto da situação das negociações, o gabinete do ministro Luís Filipe Castro Mendes respondeu que “As negociações entre o Governo e a Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Coleção Berardo sobre a renovação do Protocolo de Comodato no Museu Berardo prosseguem com espírito construtivo de ambas as partes e tranquilidade”.
“O Governo assumiu publicamente por diversas vezes a vontade de manter a coleção em Portugal e estamos a trabalhar com esse objetivo. Por outro lado, não comentamos declarações de quem não acompanha o processo”, diz a mesma nota enviada à Lusa.
Na terça-feira, o diretor artístico do Museu Coleção Berardo, defendeu o regresso das aquisições para a coleção conjunta que foi criada com fundos do Estado e de José Berardo e cujas compras foram interrompidas após 2008.
“A realidade de uma coleção é a sua construção contínua para ser apresentada ao público”, sustentou o diretor artístico do museu, em Lisboa, durante uma visita guiada para jornalistas sobre duas novas exposições que vão inaugurar esta quarta-feira.
Para Pedro Lapa, o Museu Berardo “é, em Lisboa, o principal museu de arte moderna e contemporânea que articula a arte nacional e internacional, e deveria apresentar uma visão desse panorama até à atualidade”.
No acordo estabelecido há dez anos entre o Governo e o colecionador para a criação do museu com 862 obras cedidas da sua coleção pessoal, determinava-se ainda a aquisição anual de novas obras com um milhão de euros investido por ambas as partes.
O acordo foi assinado em 2006 e o museu abriu em junho de 2007, tendo as aquisições sido feitas nesse ano e no seguinte, surgindo a Coleção Estado/Berardo, com um total de 214 peças de artistas portugueses e estrangeiros, que “atualmente está parada”.
“O Estado, por restrições financeiras, deixou de pagar aquele montante, e o colecionador também deixou de o fazer”, lamentou o diretor do museu, cujo destino está atualmente a ser negociado entre o Ministério da Cultura e Berardo.
O acordo de empréstimo das obras da coleção de arte do empresário para a criação do Museu Berardo, instalado no Centro Cultural de Belém, termina a 31 de dezembro deste ano.
Na última semana, Berardo foi contactado pela agência Lusa sobre as negociações e disse que “por enquanto, estão a correr bem”.
Em julho, no parlamento, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, anunciou que a opção tinha sido renegociar o acordo porque o Governo e Berardo estavam interessados em manter a coleção em Portugal.
O Museu Berardo abriu com um acervo inicial de 862 obras da coleção de arte do empresário, cedidas ao Estado, e avaliadas nessa altura em 316 milhões de euros pela leiloeira internacional Christie’s.
O museu celebrou nove anos em junho passado, com mais de seis milhões de visitantes das exposições permanentes e temporárias, segundo dados do museu.