O deputado Sérgio Azevedo disse sentir “muitas das preocupações” dos órgãos representativos dos trabalhadores da Lusa, admitindo que o PSD poderá vir a viabilizar as propostas de alteração ao Orçamento do Estado sobre o financiamento da agência que sejam apresentadas pela esquerda. “Em primeiro lugar, vamos querer receber respostas e eventualmente ponderar alguma alteração”, afirmou.

Desafiando os partidos que apoiam o Governo a apresentarem alterações na discussão do Orçamento do Estado que impeçam a redução da indemnização compensatória do Estado à agência de notícias em 2,6 milhões de euros (de 15,838 milhões, em 2016, para 13,240 milhões, em 2017), o deputado disse que se essas propostas forem apresentadas, o PSD irá “equacionar provavelmente naquela especialidade validar essas propostas”.

“Em primeiro lugar procuramos obter respostas. É verdade que este Orçamento é do PS, mas também é verdade que este Orçamento vai ter de ser aprovado. Portanto, lançamos também um desafio aos partidos que já manifestaram publicamente que vão aprovar o Orçamento para que ou não aprovem este Orçamento ou que apresentem propostas de alteração que vão ao encontro das perspetivas dos sindicatos e da comissão de trabalhadores”, desafiou.

Sérgio Azevedo recebeu esta quarta-feira uma delegação dos órgãos representativos dos trabalhadores: Comissão de Trabalhadores, representantes sindicais e Conselho de Redação. À Agência Lusa, o deputado sublinhou que os sociais-democratas partilham “muitas das preocupações que a Comissão de Trabalhadores, os Sindicatos e o Conselho de Redação hoje apresentaram”.

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Além da redução da indemnização compensatória, o deputado expressou preocupação pelo facto de o contrato programa entre o Estado e a Lusa ainda não ter sido assinado, apesar da “promessa do senhor ministro de que em junho estaria assinado”. “A Lusa está a viver com duodécimos em virtude disso. A situação dos trabalhadores e do funcionamento da agência é muito preocupante”, sublinhou.

Sérgio Azevedo expressou ainda preocupação com um eventual reequacionamento dos termos do contrato, defendendo que “reequacionar a Lusa tem um significado muito poderoso”. “Temos de perceber bem o que é que isto significa”, afirmou. “Não compreendemos como é que se quer reequacionar um serviço noticioso quando, por outro lado, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros diz que a Lusa é um palco fundamental para a difusão da língua e para o suporte das comunidades portuguesas no estrangeiro.” O deputado frisou que a Lusa não tem delegação em locais “em que a comunidade portuguesa tem uma forte presença”, como Paris, Caracas e África do Sul.

Da parte dos órgãos representativos dos trabalhadores da Lusa, Rui Nunes afirmou que a reunião com Sérgio Azevedo “foi uma conversa franca, em que o passado não esteve ausente, mas foi muito focada no presente e no futuro”. “Transmitimos que a Lusa tem decaído devido aos cortes do Governo anterior, com uma saída de 10 % de efetivos, com uma queda na produção noticiosa em termos absolutos, uma menor presença no território nacional e estrangeiro baixou e o aumento da precariedade”, afirmou.

As organizações representativas dos trabalhadores explicaram ainda ao deputado que as questões financeiras são “um problema que deve ser integrado num patamar superior, articulado com uma estratégia e uma liderança para a agência”.

O Orçamento do Estado para 2017 prevê uma indemnização compensatória à Lusa de 13,240 milhões de euros, contra os 15,838 milhões de euros atribuídos em 2016. Os trabalhadores da Lusa decidiram na segunda-feira, em plenário, realizar em novembro várias ações de protesto, através do qual pretendem também obter explicações para o adiamento da assinatura do contrato para o triénio 2016/2018, que continua por assinar.