O Estado Islâmico está usar os civis de Mossul como escudos humanos contra a ofensiva da coligação internacional. De acordo com as Nações Unidas, a organização terrorista executou 232 pessoas na quarta-feira, entre homens, mulheres e crianças, que se recusaram a obedecer às ordens dos militantes do Daesh.

A notícia foi avançada esta manhã em conferência de imprensa pela porta-voz da ONU para os direitos humanos, Ravina Shamdasani, que acrescentou ainda que entre as pessoas mortas na quarta-feira se encontravam cerca de 190 antigos soldados das forças iraquianas e 40 civis. “Muitos dos que se recusaram a colaborar foram mortos a tiro no local”, explicou Shamdasani.

A utilização de civis como escudos humanos tem sido uma das várias estratégias utilizadas pelo Estado Islâmico para tentar resistir à ofensiva, que tem sido encabeçada pelas forças iraquianas e apoiada por várias milícias paramilitares e pela coligação internacional liderada pelos Estados Unidos.

A execução em massa acontece depois de terem surgido informações de que as forças Hashid Shaabi, um dos movimentos paramilitares que apoiam as tropas do regime iraquiano na luta pelo domínio de Mossul, iria lançar um ataque à cidade de Tal Afar, uma cidade a oeste de Mossul, ainda controlada pelo Estado Islâmico. Os extremistas terão utilizado os cidadãos como escudos humanos, executando os que se recusaram a participar.

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Há outro fator em jogo na ofensiva a Mossul a partir do oeste. A cidade de Tal Afar, muito próxima da fronteira com a Turquia, é habitada por povos de etnia mista, e um ataque a Mossul através daquela região não será bem vista pelo país, que teme um aumento do fluxo de refugiados expulsos pelos Sunitas em caso de ataque àquela zona. O próprio ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlüt Çavuşoğlu, garantiu que irá responder a um eventual ataque a Tal Afar.

Entretanto, dezenas de aldeias já foram libertadas pelas tropas iraquianas e pelas milícias, à medida que a ofensiva vai avançando em direção à última cidade controlada pelo Estado Islâmico no Iraque. Segundo o The Guardian, nas aldeias em que já não há sinal dos jihadistas, já não se vive com medo, e as populações vão recordando os dois anos de ocupação pelos terroristas.

“Se fores apanhado a fumar, és chicoteado 50 vezes com uma mangueira, em público”, lembra à Reuters Othman Mahmoud, um habitante da aldeia de Fadiliya, libertada esta quinta-feira. “Se fores apanhado a deixar crescer as patilhas, és chicoteado 25 vezes“, recorda outro jovem citado pela agência.