Um antigo deputado holandês, Franz van der Heijden, de 78 anos, suicidou-se ao mesmo tempo que a sua mulher, Gonnie, de 76 anos, que se submeteu à morte por eutanásia. Os dois sofriam de doenças incuráveis e quiseram pôr fim à vida em simultâneo, após 53 anos de vida em comum. O homem terá recorrido ao suicídio por ainda não se encontrar na fase de a doença que é condição para se poder recorrer à eutanásia (e na qual a mulher já se encontrava).

As duas mortes estão a ter um forte impacto na sociedade holandesa e a reacender o debate sobre a lei da eutanásia. O partido democrata-cristão, de que fazia parte van der Heijden, já veio anunciar que, apesar de respeitar a decisão, não irá aceitar a proposta do governo holandês para expandir a abrangência da lei da eutanásia. A ideia do governo é, segundo escreve o jornal espanhol El País, permitir às pessoas que considerem o seu ciclo de vida completo que possam terminar com a própria vida.

Na carta de despedida deixada pelo casal lê-se que “é óbvio perguntar se os que sentem que a sua vida vai acabar com grande dor e que serão uma carga (também por culpa de um sistema de saúde degradado), podem determinar quando não sofrem tanto, nem são um peso para eles mesmos nem para os outros”. A opinião pública holandesa apoia largamente a eutanásia, mas a comunidade médica do país garante que deve ser usada apenas como último recurso e o debate sobre as condições em que deve ser aplicada continua aceso.

O deputado e a mulher deixaram, por isso, uma dura crítica nessa carta. “É alarmante que uma maioria cada vez mais ampla de pessoas menos religiosas, que aborda a vida por si própria, sem a perspetiva do ‘mais além’, permita que a lei continue a ser ditada por minorias reduzidas, que se aproveitam das fragilidades da atual política de coligações”, escreveram.

A última proposta relativa a esta questão foi apresentada a 13 de outubro pelos ministérios da Saúde e da Justiça, que levaram ao parlamento holandês uma proposta para permitir que as pessoas justifiquem a utilização da eutanásia com “cansaço vital”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR