Já lá vão seis edições de Misty Fest. O festival de música, que faz da palavra cantada e dos compositores uma das chamadas de atenção do seu cartaz, ainda não atingiu a adolescência ou a idade adulta — tal como outros eventos do género – mas nem por isso deixa de mostrar evolução. O Misty (nome pelo qual é conhecido) começou em 2010 e circunscrito à vila de Sintra, mas depressa cresceu para outras salas de espetáculos espalhadas por todo o país. Está de regresso a 1 de novembro e a organização reclama ser “a maior edição de sempre”: 11 cidades, 19 salas e 21 artistas.

António Cunha, diretor do Misty Fest, está desde o início a comandar as tropas no festival. Há seis anos, o panorama e a logística faziam-se de forma diferente, com uma dimensão mais pequena e sem grandes expectativas. “Começamos em Sintra, porque nos sentíamos atraídos pelo lugar. Sempre encaramos os artistas mais como autores e compositores, logo a vertente mística da vila parecia combinar”, explica ao Observador.

Nas edições seguintes, a organização decidiu alargar o conceito para Lisboa e o Porto. A razão era simples: “A lotação não permitia permanecer o festival no Centro Cultural Olga Cadaval. Sintra estava a tornar-se limitativo e havia a vontade de estar em salas de referência”, diz António Cunha.

O Misty Fest cresceu e estendeu-se a outras cidades portuguesas como Aveiro, Espinho, Évora e Torres Novas. Sem esquecer as maiores cidades portuguesas, Lisboa e Porto e, também nesta edição, a ilha de São Miguel no arquipélago dos Açores. Assistir a um concerto no Cinema São Jorge, numa semana ou no Teatro Aveirense, daqui a alguns dias, passou a ser uma característica diferenciadora do festival. Mas a dispersão tinha outra razão. “Muitos artistas internacionais não estavam interessados em fazer só um espetáculo”, acrescenta o diretor do Misty.

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A necessidade aguçou o engenho e ajudou a concretizar a ideia de ouvir música em vários locais de Portugal, em pouco mais de uma semana – até 13 de novembro. Quanto à logística, “não é assim tão difícil”: as entidades responsáveis pelas salas de espetáculo são contactadas e depois é só afinar os pormenores.

À primeira vista, muitos dos nomes no cartaz podem não ser conhecidos do público. Não são artistas que passam frequentemente nas rádios, nem se fazem valer de grandes produções junto dos media ou nos concertos. “A ideia foi ter música portuguesa e música do mundo (world music) no programa, tendo a noção de que os artistas não iam agradar a toda a gente”, explica António Cunha. A programação eclética sobressaiu como linha orientadora: “não queremos um festival só de jazz, por exemplo, queremos estilos diversos”, afirma.

É a música e os artistas que chamam o público a cada edição do festival, seja eles “velhos conhecidos” como o português Rodrigo Leão – acompanhado nesta edição pelo australiano Scott Matthew – , ou novos talentos como a brasileira Dom La Nena. “O Misty Fest é um festival para amantes da música. Muitos dos artistas são desconhecidos para a maioria das pessoas, no entanto, o objetivo é mostrá-los e apresentar os seus projetos”, diz o diretor. Selma Uamusse, José James, Hindi Zahra, Cass McCombs, Wim Mertens e Dino D’Santiago são outros dos nomes no cartaz.

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A sétima edição do festival terá ainda um concerto de canto feminino, onde quatro grupos – Cramol, Maria Monda, Segue-me à Capela e Sopa de Pedra – vão cantar à capela no Teatro Tivoli, em Lisboa.

Os bilhetes podem ser adquiridos individualmente para cada concerto ou através de passes: uns dão acesso a várias salas de espetáculo (apenas em Lisboa ou no Porto) como o Misty Pass por 140 euros, outros dão entrada em concertos com o mesmo estilo musical, como o Black Misty Pass por 70 euros.