Ainda o presidente da Câmara Municipal de Lisboa não se tinha calado e já um trabalhador fazia um gesto com a mão para o operário que estava dentro da caterpillar. Estava na hora. O veículo avançou, o braço mecânico levantou-se e…puf!, o muro foi abaixo. Começaram os trabalhos para a instalação da nova Feira Popular na Pontinha.

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A cerimónia era relativamente simbólica, porque ainda faltam muitos meses para que este terreno se transforme naquilo que Fernando Medina diz que vai ser “um espaço magnífico” da cidade. Ainda assim, umas vinte pessoas fizeram questão de esperar o autarca à saída da estação de metro com cartazes que prometiam contestação. “O conhecimento somos nós, a experiência somos nós, a diversão somos nós”, lia-se num deles. “APED apoia o novo parque de diversões, cautela com os milhões”, dizia outro.

A APED é a Associação Portuguesa de Empresas de Diversões e, à chegada do presidente da câmara, os manifestantes dirigiram-se a ele para lhe dizerem que querem ser envolvidos na construção da nova feira. Afinal, não estavam ali para contestar nada. Tratava-se antes de “uma manifestação de solidariedade ao senhor presidente”, disse o líder da associação, Luís Paulo Fernandes, que presenteou Medina com um carrossel em miniatura. O dirigente não deixou de lamentar que a autarquia não lhes tenha pedido “uma opiniãozinha” sobre o local escolhido para a feira, mas acabou o breve encontro com sorrisos. “Muita força, vamos lá trabalhar!”

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PRESIDENTE DE CAMARA,

Os manifestantes, que afinal não estavam a protestar, ofereceram um carrossel a Fernando Medina (Fotografia: ANTÓNIO COTRIM/LUSA)

Parque verde no próximo ano?

A Feira Popular de Lisboa vai ser instalada em 20 hectares que ficam atrás da estação de metro da Pontinha, na freguesia de Carnide. Tal como disse há exatamente um ano, na apresentação pública do projeto, Fernando Medina sublinhou que há muitas diferenças entre este espaço e a anterior feira, em Entrecampos. “Não vamos imitar o passado, vamos sim honrar o passado”, disse o autarca, rodeado por vários vereadores, cidadãos, o presidente da junta de Carnide e o presidente da Câmara Municipal de Odivelas.

Medina destacou o “fantástico parque verde” que vai nascer naquela zona, no qual serão inseridas as rodas gigantes, as montanhas-russas e outras animações. “Mesmo que pensássemos que não queríamos ter as diversões, já valia a pena ter este projeto”, admitiu, repetindo a ideia várias vezes. “Já teria só por si valido a pena dar dignidade a um espaço que está degradado e abandonado”, disse.

Mas o presidente da câmara, particularmente lírico na ocasião, disse ainda que este é “um dia histórico para a cidade” em que se começa a “pagar a dívida” para com a “grande comunidade” de “crianças, jovens, pais, avós e familiares” que “queria e ansiava para ter este espaço para sua recriação e prazer”.

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Até houve selfies

Os vereadores não quiseram, uma vez mais, comprometer-se com datas. Para já começam a ser demolidas as construções que ainda existem nos terrenos, depois constroem-se os acessos rodoviários e o estacionamento e, por fim, começam as obras propriamente ditas. Mais atrevido do que o presidente a fazer previsões, José Sá Fernandes, vereador da Estrutura Verde, está convencido de que “para o ano” já o parque verde estará aberto ao público. “Depende das condições climatéricas”, acrescentou.

Antes disso, porém, há mais questões a resolver. Nos terrenos destinados ao projeto existem hortas urbanas e até pequenas quintas com animais. E alguns moradores das redondezas estão preocupados com o ruído e o estacionamento que a nova feira vai levar para ali. “Em todos os passos deste projeto trabalharemos com todos”, garantiu Fernando Medina, que adiantou que está a tratar da transferência das hortas para outros locais e em discussão com a junta e grupos de moradores. “É um dos dias particularmente felizes para um presidente da Câmara Municipal de Lisboa”, acabou por dizer, de sorriso no rosto, com os mesmos “olhos brilhantes” que diz querer ver nas crianças que venham à feira.