O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, terá mesmo pedido ao antigo secretário de Estado do Desporto, João Wengorovius Meneses, que não exonerasse o seu chefe de gabinete, Nuno Félix. Segundo escreve esta quinta-feira o jornal i, entre março e abril deste ano houve uma troca de emails entre ministro e secretário de Estado sobre a situação do chefe de gabinete, que mostra a interferência, negada esta terça-feira, de Brandão Rodrigues na equipa de Wengorovius Meneses. Nuno Félix demitiu-se na semana passada, como noticiou o Observador, após ter sido confrontado com as licenciaturas que nunca chegou a concluir.

Segundo o i, houve um primeiro email, enviado por Wengorovius Meneses a Brandão Rodrigues, em que o secretário de Estado pedia a exoneração de Nuno Félix. Essa mensagem incluiria até uma proposta de nome para substituir o chefe de gabinete, mas terá sido ignorada pelo ministro. Como não recebeu resposta, Meneses enviou um novo email, no início de abril, a insistir na necessidade de retirar Nuno Félix do cargo.

Por esta altura, o próprio Nuno Félix já saberia, por outra via, da vontade do secretário de Estado de o exonerar, e pediu para conversar com Wengorovius Meneses. Depois dessa conversa, pôs uma semana de férias e duas semanas de baixa, de forma alegadamente irregular. Com Félix fora do gabinete, Meneses tornou a insistir com o ministro, através de um novo email. A este terceiro pedido o ministro já respondeu. Brandão Rodrigues terá então impedido a exoneração de Nuno Félix, com o argumento de que a mulher do chefe de gabinete estava doente. O ministro terá chegado mesmo a dizer que não compreendia a forma como Félix estava a ser tratado.

Foi esta resposta que levou o antigo secretário de Estado a anunciar a demissão. Segundo o jornal, o chefe de gabinete ainda estava no período de baixa quando Meneses anunciou a saída, tendo regressado de imediato ao Ministério para trabalhar.

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Meneses tinha falta de confiança política em Nuno Félix

Antes da troca de emails, avançada pelo Observador mas ainda não confirmada, já tinha havido uma série de conversas pessoais entre o secretário de Estado do Desporto e o ministro da Educação. Segundo avança o i, Meneses tinha pedido a Brandão Rodrigues que exonerasse Félix devido a falta de confiança política e à falta de capacidades para exercer o cargo. O ministro recusou a ideia, e chegava mesmo a reunir várias vezes diretamente com Nuno Félix.

As informações divulgadas esta quinta-feira pelo i vêm desmentir o ministro da Educação, que tem negado o conhecimento do caso das licenciaturas falsas e a ingerência no gabinete de Wengorovius. Na última terça-feira, disse à SIC que tudo não passava de “um facto político”. “Em nenhum momento eu pedi a João Meneses que não exonerasse o seu chefe de gabinete. Todos os governantes têm a possibilidade real de trabalhar e fazerem tudo aquilo que querem fazer nas suas equipas”, afirmou.