Donald Trump deverá nomear como Conselheiro para a Segurança Nacional o General Michael Flynn, conhecido pelas suas posições muito críticas dos muçulmanos, de acordo com a imprensa norte-americana. Flynn, um antigo líder dos serviços de inteligência militares, é filiado no Partido Democrata, mas tem sido um dos principais conselheiros de Trump ao longo da campanha, no que toca a assuntos de segurança nacional. A nomeação para o cargo, atualmente ocupado pela democrata Susan Rice, chegou a estar praticamente garantida para Mike Rogers, que se demitiu na última terça-feira.

Apesar de o convite já ter sido confirmado pela equipa de Trump, ainda não se sabe se o militar o irá aceitar. O que se conhece, para já, são as posições controversas do general, que, tal como Trump, tem vindo a utilizar as redes sociais para divulgar mensagens polémicas. No Twitter, Flynn chegou a escrever que “o medo dos muçulmanos é racional”, e que a Sharia (lei islâmica) se estaria a espalhar cada vez mais pelos EUA. Segundo o The New York Times, os factos muitas vezes exagerados usados pelo general motivaram até a criação de um nome para o fenómeno, os Flynn facts [os factos de Flynn].

O mesmo jornal escreve que Flynn já tem usado da sua influência sobre Trump para convencer o futuro presidente de que os Estados Unidos estão em guerra com o extremismo islâmico, pelo que se devem aliar com todos os países que queiram colaborar, incluindo a Rússia. A confirmar-se a ida de Flynn para a Casa Branca como Conselheiro para a Segurança Nacional, o antigo líder das secretas militares terá acesso à documentação confidencial do presidente e será responsável por decidir muitas das ações de Trump — especialmente porque o republicano não tem nenhuma experiência na gestão de estratégia militar.

Tal como Trump, Flynn também levará para a Casa Branca alguns conflitos de interesses, especialmente com o Flynn Intel Group, uma consultora de serviços de inteligência criada pelo general, e que tem negócios pouco claros com países do Médio Oriente. Além disso, Flynn tem ainda relações pouco conhecidas com a Rússia, chegando a ser pago para participar num programa da televisão oficial do regime de Putin, a RT. Mais tarde, veio assegurar que não estava a ajudar na propaganda russa, imagem de que não se livrou.

Flynn deixou a liderança dos serviços secretos militares em 2014, e tem sido um forte crítico de Barack Obama e do Pentágono, discordando do atual presidente no que diz respeito, por exemplo, à luta contra o Estado Islâmico. O general acusa Obama de não assumir que o extremismo islâmico é o inimigo dos EUA, e de nem saber como o derrotar. Se Flynn aceitar o convite, é o terceiro nome a entrar na administração de Trump, depois de Steve Bannon ter sido escolhido para estratega e conselheiro sénior do executivo, e Reince Priebus ter sido nomeado chefe de gabinete da Casa Branca.

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