Até há pouco tempo, só havia uma fotografia. Durante os primeiros anos de trabalho de Frida Kahlo, a mexicana Lola Álvarez Bravo acompanhou a evolução da artista e fotografou-lhe algumas das obras iniciais. Durante muitos anos, o quadro Niña con collar parecia só existir assim, em fotografia, pois não se sabia onde estava.

“Se não fosse Lola Álvarez Bravo, não saberíamos como muitas obras eram ou sequer se existiam — e teríamos certamente um menor conhecimento do processo criativo de Kahlo.” A frase é de Salomon Grimberg, um estudioso da obra da pintora mexicana, num texto que apresenta Niña con collar ao olhar do público pela primeira vez. O quadro, que Frida Kahlo pintou em 1929, vai a leilão na próxima terça-feira e, até lá, pode ser visto na sede da Sotheby’s em Nova Iorque.

Niña con collar não é considerado um auto-retrato de Kahlo, mas “teria um significado especial para ela, uma vez que se tornou um ponto de partida para vários auto-retratos seguintes”, escreve Salomon Grimberg. No quadro, propositadamente inacabado, vê-se uma rapariga de 13 ou 14 anos sentada numa cadeira, vestida com uma camisola cor de laranja e um casaco verde.

Sabe-se agora que, depois da morte de Frida Kahlo em 1954, o marido da pintora (Diego Rivera) ofereceu o quadro a uma mulher que costuma ajudá-la no estúdio. Essa mulher, que agora tem mais de noventa anos, decidiu vender Niña con collar no verão passado. A leiloeira Sotheby’s estima que a pintura seja vendida por um valor entre 1,5 e 2 milhões de dólares.

Na terça-feira vão ainda ser colocadas a leilão várias obras de Diego Rivera, Fernando Botero e outros 129 artistas latino-americanos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR