Certamente já ouviu falar em alternativas gastronómicas, seja por questões nutricionais ou ambientais. De repente, chefs de todo o mundo começaram a falar sobre como é vantajoso comer grilos ou minhocas – e todos os outros animais que a cultura ocidental tende a repugnar.

Como os ingredientes são “novos”, há um frenesim de cada vez que surge mais uma receita ou restaurante que segue esta moda. Desta vez, o prato é da autoria de Takhir Kholikberdiev, um russo de 35 anos que se inspirou num pitéu de águas pouco profundas: miopótamos. São roedores, da família dos castores e das lontras, mas prometem ser das substituições menos polémicas que os russos podem encontrar nos seus menus.

Já nos anos 90, os miopótamos eram usados pelos russos com menos poder económico como substitutos de raposas e visons para se fazer os casacos que os protegeriam de invernos rigorosos. Daqui até as carcaças desses casacos irem parar aos pratos foi uma questão de tempo.

Atualmente, estes roedores continuam a alimentar quem tem mais “coragem” que dinheiro, já que os animais se reproduzem a grande velocidade e são fáceis de manter, não apresentando assim grandes despesas, o que faz com que os seus pratos sejam monetariamente acessíveis – cada hamburger custa 550 rublos (cerca de oito euros).

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Como o chef Kholikberdiev defendeu, conta o The Guardian, “[O miopótamo] é um animal muito limpo; não é apenas um herbívoro mas lava todos os alimentos antes de os comer. E é rico em ómega 3. Muitos médicos e dietistas recomendam-no.” Caso se esteja a questionar pelo sabor destes roedores, sabemos que está algures entre o porco e o peru, além de ter uma carne branca e suculenta. O próprio modo de os confecionar deverá ser mais fácil que a carne de coelho, dado que dificilmente seca.

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Por muito estranho que pareça, a verdade é que o futuro gastronómico irá se debruçar cada vez em novas soluções. Os motivos são vários, mas o mais importante é a alternativa que isto representa às práticas atuais na agricultura. Sabemos, pelo recente documentário com o Leonardo Di Caprio Before the Flood, que os EUA dedicam 47% do seu território para a produção de alimentos. Destes, 70% é usado para alimentar gado e só 1% é dedicado ao cultivo de vegetais e frutas. Desta forma, animais de pequeno porte que sejam fontes ricas em proteínas são cada vez mais a solução a longo prazo. Incluindo as larvas e os grilos.