Sete pessoas morreram nas últimas horas no Hospital Provincial de Tete, centro de Moçambique, elevando para 67 o número de mortos na explosão de um camião-cisterna na quinta-feira, e há 71 feridos, 22 com gravidade, disse hoje fonte hospitalar.

“A nossa situação infelizmente continua crítica. Nas últimas 24 horas, registámos sete óbitos, quatro são crianças e uma mulher grávida. Estamos neste momento com 71 doentes, 22 ainda em estado crítico”, informou Verónica de Deus, em representação da direção hospitalar, citada pela Rádio Moçambique.

As vítimas são provenientes de Caphiridzange, no distrito de Moatize, a cerca de 70 quilómetros da capital provincial, onde na quinta-feira um camião-cisterna explodiu quando dezenas de pessoas tentavam roubar a carga de combustível.

O diretor de assistência médica do Ministério da Saúde, que dirige uma equipa de 12 especialistas enviados para Tete, afirmou hoje que, apesar de o Hospital Provincial estar cheio, espera uma boa resposta e reduzir para o mínimo o número de óbitos.

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“Alguns deles apresentam lesões muito graves, com quase todo o corpo queimado e não é fácil salvar a vida de um grande queimado, mesmo em países com muito mais recursos do que Moçambique”, frisou, citado pela emissora pública, referindo que se está a trabalhar “caso a caso” e na organização dos serviços e confiando que a resposta será “muito boa”.

Permanece também na província de Tete uma equipa governamental, liderada pela ministra da Administração Estatal e Função Pública, que hoje esteve no local da tragédia.

Falando com líderes locais, Carmelita Namashulua defendeu que faltou vigilância no caso de roubo coletivo de combustível, até pela existência de antecedentes.

“Quando vemos um movimento estranho, nós, como líderes, temos de perseguir para ver o que está a acontecer. Se tivéssemos feito isso, teríamos percebido que algo estava a passar-se”, declarou.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, assegurou na sexta-feira que o Governo moçambicano “está a acompanhar atentamente a situação e a tomar as medidas necessárias”.

O Governo moçambicano decretou na sexta-feira três dias de luto nacional, que teve início às 00:00 de hoje e nomeou uma comissão de inquérito ao desastre, e que será liderada pelo Ministério da Justiça e integrada pelos ministérios do Interior, Transportes e Comunicações, Administração Estatal e Função Pública e Energia e Recursos Minerais.

Relatos à Lusa no local indicam que o camião-cisterna com matrícula malauiana, pertencente a uma firma de distribuição de combustível, desviou-se da rota na quarta-feira à tarde, após um pré-negócio, para uma pequena mata a uns 400 metros da estrada Nacional 7, onde parte da carga seria retirada para os bidões de um grupo de revendedores de rua.

Na sequência de um curto-circuito da motobomba que puxava o combustível, uma das secções do tanque incendiou-se, o que provocou uma enchente de curiosos no local.

Já na quinta-feira, devido à fuga do motorista do camião e ausência das autoridades, a população começou a retirar combustível, com recurso a baldes, da segunda secção do tanque que ainda estava intacta.

Foi esta secção que explodiu, matando no local 43 pessoas, a que se somam posteriormente mais 34, que não resistiram aos ferimentos.

Treze corpos irreconhecíveis foram sepultados numa vala comum no local, na sexta-feira.