A Presidente da Coreia do Sul teve um papel “considerável” no escândalo de corrupção que envolve o Governo, anunciou hoje o Ministério Público de Seul, ao acusar formalmente uma amiga próxima de Park Geun-Hye e dois antigos assessores.
“Com base nas provas recolhidas até agora (…) verificámos que a Presidente teve um papel de considerável colaboração em muitas das acusações envolvendo as [três] pessoas”, disse Lee Young-Ryeol, que lidera a investigação.
O Ministério Público pretende questionar Park em breve, que apesar de ter imunidade pode ser investigada, disse Lee.
“Devido à imunidade da Presidente em relação a procedimentos penais, presente no artigo 84.º da Constituição, não podemos acusar a Presidente. O gabinete para investigações especiais vai continuar a pressionar para uma investigação à Presidente com base neste entendimento”, afirmou.
A amiga de longa data de Park, Choi Soon-sil, foi formalmente acusada pelo Ministério Público sul-coreano hoje, por suspeitas de interferência com assuntos de Estado e intimidação de empresas públicas de modo a doarem dezenas de milhões de dólares a fundações que ela controlava.
Milhares de pessoas têm-se manifestado a pedir a demissão da presidente sul-coreana.
Choi Soon-sil, de 60 anos, está a ser investigada por alegadamente se ter apropriado de fundos públicos e exercido influência na política do país, apesar de não desempenhar qualquer cargo público.
Foi detida preventivamente e mais tarde um tribunal de Seul aprovou formalmente um mandado de prisão, sob a acusação de prática dos crimes de tentativa de fraude e de abuso de poder.
Este caso desencadeou a maior crise política que a Presidente Park enfrentou desde que assumiu o poder em 2013.
A indignação dos sul-coreanos, incluindo de membros do seu partido, tem por base a ideia de que a Presidente foi manietada durante o seu mandato por Choi, a qual foi comparada pelos meios de comunicação social à figura de Rasputin.
Uma recente sondagem nacional coloca a taxa de aprovação de Park nos 5% — o valor mais baixo alguma vez alcançado por um Presidente na Coreia do Sul desde que o país alcançou a democracia no final da década de 1980 após décadas de ditadura militar.
O mandato da Presidente termina dentro de 15 meses.
Caso Park se demita antes, a lei determina que têm de ser realizadas eleições presidenciais no prazo de 60 dias.