Em janeiro se saberá quem é o melhor dos melhores. Mas a revista France Football, que atribuirá a Bola de Ouro, entrevistou Ronaldo — uma entrevista que só será publicada quarta-feira. Por enquanto, só se conhecem excertos da conversa feita em casa de Jorge Mendes, em Madrid. E são excertos que aos franceses não importará muito ler: Ronaldo falou da final do Euro2016 que Portugal venceu no Stade de France. À França, pois claro.

Uma final em que Ronaldo, depois de lesionado por Payet, acompanhou de fora, do banco, sempre a coxear, mas que lhe deu um gozo particular vencer. É que, segundo o capitão da seleção portuguesa, os franceses estavam demasiado confiantes, antes e após o começo do jogo, no relvado como nas bancadas. E explica: “Convenci-me que a serenidade [de Portugal] seria a chave de tudo. Nós sabíamos que tínhamos uma vantagem em relação à França: não éramos favoritos a vencer! E eles [franceses] pensavam que venceriam facilmente. Quando fomos aquecer para o relvado, senti que estavam muito descontraídos. Olhei para eles e sorriam — claro que podem sorrir, mas era demais. A linguagem corporal deles era de confiança. Usei isso para me motivar e motivar a equipa.”

E correu bem. Para Ronaldo não. É que cedo o capitão saiu lesionado do jogo. “Depois da lesão fui para o balneário com o médico. Ele tinha que me fazer um diagnóstico rápido. Eu temia que fosse algo grave. E comecei a chorar. Ele tranquilizava-me e eu continuava a chorar.”

Apesar de tudo, do favoritismo (e arrogância q.b.) dos franceses, apesar da lesão de Cristiano Ronaldo, este acreditou sempre que Portugal venceria a final. Era Fernando Santos quem lhe transmitia essa confiança. A tática era a do sofrimentos e da crença. “Após escutar as palavras do Fernando [Santos], percebi que a França atacaria cinquenta vezes e nós só defenderíamos. Mas se tivéssemos a oportunidade de atacar uma ou duas vezes, podíamos marcar e vencer.” Tal como Fernando Santos, Ronaldo também falou ao colegas. Um por um. Falou ao intervalo.

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“Não faço discursos para o grupo. Mas, como capitão, falei com cada um dos jogadores. O meu objetivo com isso era liberta-los da pressão. Ao Pepe, por exemplo, que é um futebolista com experiência, pedi-lhe que olhasse no relvado pelos mais jovens. É claro que eu estava tão ou mais nervoso do que eles. Mas tinha que transmitir-lhes energia positiva.”

Ronaldo conta à France Football o seu reencontro com Antoine Griezmann. Não, não foi no Stade de France. E não, o francês não foi de falinhas mansas. “Logo após a final, fui de férias para Miami. E encontrei lá o Griezmann com a mulher, num restaurante. Quando ele me viu, veio ter comigo à mesa onde estava, sorriu e só me disse: ‘Odeio-te, Cristiano!'” Faz sentido odiar.

Copos de água e calças de ganga

Para além dos excertos da entrevista, a France Football disponibilizou também os detalhes da mesma. Sim aqueles pequenos pormenores que ninguém liga, desde a roupa que Ronaldo vestia na altura, à pergunta que ficou por fazer.

Foi revelado que a entrevista decorreu na casa do agente de Ronaldo, Jorge Mendes, e teve a duração de uma hora. E quantas vezes olhou para o relógio? Nenhuma, mas copos de água foram dois. De calças de ganga e camisa branca, Ronaldo acrescentou ainda um boné preto ao outfit. Falou em espanhol e quando questionado quais as três pessoas que gostaria de ver entrevistados pela revista Ronaldo não deu três mas cinco nomes. Foram eles Fernando Santos, Zinedine Zidane, Florentino Perez, Jorge Mendes e… ainda Marcelo Rebelo de Sousa.

A pergunta que ficou por fazer, mas com certeza muita gente queria ver respondida, foi se Ronaldo tinha na sua lista de contactos o número de Messi.