A injeção de divisas pelo BNA atinge um dos valores mais baixos do ano. A informação consta do relatório semanal do BNA, libertado esta segunda-feira, sobre a evolução dos mercados monetário e cambial entre 14 e 18 de novembro, contrastando com os 343,5 milhões de euros da semana anterior, e após um ciclo de três semanas consecutivas a aumentar de valor.

Segundo o documento, consultado pela Lusa, as divisas disponibilizadas – mantêm-se exclusivamente em euros desde março -, em vendas diretas equivalentes a 119,3 milhões de dólares, destinaram-se sobretudo a cobrir operações diversas (36,5 milhões de euros) e de empresas (29,3 milhões de euros).

Foram ainda garantidas operações de viagens, ajuda familiar, saúde e educação (20,2 milhões de euros) e a cobertura de cartões de crédito (17,9 milhões de euros).

A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu praticamente inalterada, nos 166,724 kwanzas por cada dólar e nos 186,278 kwanzas por cada euro.

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Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, cada dólar norte-americano custa à volta de 490 kwanzas.

Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade e a revisão do Orçamento Geral do Estado de 2016.

A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.

Devido ao fim de acordos com bancos estrangeiros para correspondentes bancários, a banca angolana apenas consegue comprar divisas ao BNA.

A falta de divisas dificulta ainda a transferência de salários dos trabalhadores expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.

O BNA informou a 22 de julho que está a trabalhar com os bancos comerciais numa “melhor programação na venda de divisas” para “repor de forma gradual, programada, organizada e prudente” as necessidades de todos os setores da economia.

Entre janeiro e outubro o BNA já vendeu aos bancos angolanos cerca de oito mil milhões de dólares (7,5 mil milhões de euros) em divisas, valor que contrasta com os 15,2 mil milhões de dólares (14,2 mil milhões de euros) vendidos no mesmo período de 2015.