Um jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) admitiu, esta segunda-feira, que a China não pode ainda igualar os Estados Unidos em termos de influência global, reconhecendo que Pequim não tem capacidade para liderar o mundo.

“É inimaginável que a China substitui os EUA na liderança do mundo”, escreve o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC.

Em editorial, o jornal sustenta que é “improvável” que o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, siga a via isolacionista, apesar da sua intenção de recuar na estratégia global norte-americana.

“Os EUA investiram muito para manter essa liderança e obtiveram também benefícios consideráveis. Num futuro próximo, é impossível para Washington abdicar da liderança global”, escreve o jornal.

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O comentário surge numa altura em que o Presidente chinês, Xi Jinping, realiza um périplo pela América Latina, que inclui visitas a três países, visando reforçar os laços com a região.

Trata-se da terceira visita de Xi à América Latina, desde de ter ascendido ao poder, em 2013, e prevê reforçar os tratados de livre comércio com a Costa Rica, Chile e Peru e negociar novos acordos com o Uruguai e a Colômbia.

Nos últimos dez anos, os dois maiores bancos de desenvolvimento da China injetaram 125 mil milhões de dólares na América Latina.

Já a estratégia de Trump para a região inclui romper com o Tratado Norte-Americano de Comércio Livre (NAFTA) e abandonar a Parceria Transpacífica (TPP), para além de construir um muro na fronteira com o México.

Na Ásia, onde a administração do atual Presidente norte-americano, Barack Obama, reforçou a presença militar e diplomática de Washington, Trump colocou em causa a aliança com o Japão e a Coreia do Sul, afirmando que os EUA gastam muito dinheiro para cobrir a sua defesa.

Para o Global Times, a participação chinesa na governação mundial “será um processo natural e gradual”.

“Pequim não pode escapar ou apressar esse processo”, conclui.