Depois de se ter destacado na campanha por Bernie Sanders durante as eleições primárias, a congressista democrata do Havai, Tulsi Gabbard, defendeu o ditador sírio, Bashar Al-Assad, numa reunião com o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump.

De acordo com um comunicado escrito pela congressista depois do encontro, a reunião foi-lhe pedida por Trump, que neste momento prepara, com a ajuda de uma equipa de transição e a partir da Trump Tower em Nova Iorque, a sua entrada na Casa Branca.

“Ele pediu-me que me encontrasse com ele para discutir as nossas políticas atuais em relação à Síria, a nossa luta contra grupos terroristas como a al-Qaeda e o Estado Islâmico, tal como outros desafios que enfrentamos na política externa”, escreveu Tulsi Gabbard, que combateu na guerra do Iraque. “Teria sido mais fácil se eu tivesse recusado esta reunião. O establishment e as redes sociais têm estado a falar disto todo o dia. Mas eu nunca brinquei nem hei de brincar aos políticos quando se trata de vidas americanas e sírias”, acrescentou.

À semelhança do que já tem feito no Congresso, a política havaiana partilhou com Donald Trump a sua crítica à atual política dos EUA em relação ao conflito na Síria, onde atua dando apoio a grupos rebeldes. Segundo a congressista, os EUA estão a promover “uma guerra ilegal para derrubar o governo sírio”. Na reunião, de acordo com o seu testemunho, falou contra o encerramento do espaço aéreo da Síria — uma medida defendida por Hillary Clinton e que, segundo a congressista, “fortaleceria o Estado Islâmico e a Al-Qaeda” e que colocaria os EUA em “conflito direto com a Rússia”, atualmente aliada de Assad, “potencialmente resultando numa guerra nuclear”.

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Tulsi Gabbard disse ainda que a reunião foi uma “oportunidade” para “contra-atacar os tambores de guerra dos neo-conservadores que ameaçam levar-nos para uma escalada da guerra para derrubar o governo sírio”.

Perante as críticas que recebeu por se ter reunido com Donald Trump, a ex-apoiante de Bernie Sanders disse: “Eu nunca vou permitir que o partidarismo ponha em causa a nossa segurança nacional quando as vidas de inúmeras pessoas estão em causa”. “Se isso me fizer ganhar inimigos em Washington e no Departamento de Estado, então que seja”, concluiu.

A verdade é que, no que toca à guerra na Síria e à postura dos EUA nela, Tulsi Gabbard e Donald Trump têm posições bastante semelhantes. Numa entrevista concedida ao Wall Street Journal dois dias depois de vencer as eleições, o republicano falou a favor de suspender o apoio a rebeldes que lutam contra o Estado Islâmico e o regime sírio. “Nós não fazemos ideia de quem é que estas pessoas são”, disse. “A minha opinião é que estamos a lutar contra a Síria, a Síria está a lutar contra o Estado Islâmico e nós temos de dar cabo do Estado Islâmico.”

Poucos dias depois, numa entrevista à RTP, Bashar Al-Assad falou de Donald Trump como um “aliado natural”. “Se ele combater os terroristas é claro que seremos um aliado natural, juntamente com os russos, os iranianos e muitos outros países que querem derrotar os terroristas”, disse.