A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, considerou esta quarta-feira que cabe à concertação social analisar se é possível um aumento do salário mínimo, que considera uma proposta na direção positiva, mas ligada à manutenção de legislação laboral.

“Mais do que estar a discutir este ou aquele valor, é importante que os parceiros se sentem, que analisem as várias perspetivas e que entendam ser possível caminhar numa determinada direção que achamos que é positiva, de melhoria das condições para quem ganha menos, e há muita gente no nosso país que ganha menos”, afirmou Assunção Cristas.

A líder centrista não quis pronunciar-se concretamente sobre o valor de 600 euros proposto pelo PCP, antecipando em dois anos o calendário do programa de Governo, e argumentou, por seu turno, que “neste momento o que é importante também é perceber como é que reformas que ajudaram” à criação de emprego quando há pouco crescimento, possam “ter durabilidade, podem ser estáveis e não ser destruídas”.

“Estas matérias não devem andar desligadas”, frisou, no final de uma visita ao ‘Portugal Exportador’, uma iniciativa que decorre no Centro de Congressos de Lisboa, na antiga FIL.

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O Diário de Notícias avançou esta quarta-feira que o PCP pretende agendar em conferência de líderes uma recomendação ao Governo para o aumento do salário mínimo dos atuais 530 euros para 600 euros, em 2017.

A presidente centrista começou por enfatizar o aumento do salário mínimo nacional realizado pelo Governo PSD/CDS-PP do qual fez parte: “Foi no nosso governo em que, uma vez livres da ‘troika’, foi possível pela primeira vez retomar o aumento do salário mínimo”.

“É preciso que os parceiros se entendam, e seria positivo que pudesse haver um acordo em torno desta e de outras matérias que são relevantes para garantir que o país é competitivo, consegue progredir e afirmar-se”, afirmou.

“Estamos num mercado aberto, global – aqui, no ‘Portugal Exportador’ vemos isso mesmo -, as nossas empresas precisam de chegar a mais geografias e isso faz-se também com um tecido laboral sólido, unido e naturalmente com uma boa aliança entre os vários parceiros sociais”, acrescentou.

Cristas falava no final da 11.ª edição do ‘Portugal Exportador’, um evento organizado no Centro de Congressos de Lisboa, pela Fundação AIP, Novo Banco e AICEP Portugal Global, com o objetivo de estimular a internacionalização da economia portuguesa.

Questionada sobre a análise ao Orçamento do Estado (OE) para 2017, no âmbito do ‘Budget Watch’, em que 19 economistas dão nota insuficiente ao documento, Assunção Cristas reiterou a posição dos centristas, que votaram contra, mas apresentaram igualmente, “de forma construtiva”, 53 propostas de alteração.

Este ano 19 economistas participaram no ‘Budget Watch’, uma análise à proposta de OE para 2017 focada no rigor, transparência e responsabilidade orçamental e coordenada pelo ‘think-thank’ Institute of Public Policies (IPP) e pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).

Para estes economistas, o OE2017 continua a receber uma nota ‘insuficiente’ (46,7 pontos num total de 100 pontos), embora esta nota seja não só superior à atribuída ao Orçamento do Estado para 2016, como a mais alta atribuída desde 2010 (37,3 pontos).